A culpa do status de “Estado falido” do Líbano não é só dos políticos locais, disse o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ao jornal norte-americano “Washington Post” na terça (29).
Nasrallah respondeu ao presidente francês Emmanuel Macron, que acusou os líderes libaneses de “traição coletiva”. “Eles escolheram favorecer seus interesses partidários e individuais em detrimento geral do país”, afirmou.
Macron pressiona as lideranças libanesas a iniciarem reformas profundas no país desde a explosão do porto de Beirute, em 4 de agosto.
No topo da lista está a formação de um gabinete de especialistas apartidários para implementar mudanças urgentes de contenção da crise econômica no país. Só em 2020, o declínio financeiro já deixou 75% da população na pobreza.
“Não aceitamos tal linguagem”, respondeu o líder xiita. “Damos boas vindas à iniciativa francesa de ajudar o Líbano, mas esses comentários infringem a dignidade do povo libanês”.
Risco de guerra civil
Macron afirmou que há possibilidade de uma nova guerra civil no Líbano caso os grupos políticos não deixem os “interesses pessoais e religiosos de lado” para desbloquear a ajuda internacional.
O presidente francês se refere à renúncia do então premiê, Mustafá Adib, no sábado (26). Adib deixou o poder após a exigência do Hezbollah em manter o Ministério de Finanças sob o controle xiita. “Temos cadeiras majoritárias no Parlamento. Nos marginalizar é antidemocrático”, diz Nasrallah.
A explosão do porto de Beirute descortinou a calamidade do Estado libanês. O país registra hoje a maior população per capita de refugiados do mundo, uma dívida pública da ordem de 175% do PIB (Produto Interno Bruto), longos cortes de energia elétrica e falta de alimentos.
Ainda não há previsão da posse de um novo primeiro-ministro ou de um grupo específico para mobilizar reformas no Líbano.