Líbano tenta acelerar acordo de US$ 10 bi com FMI para sair da crise

Dívida pública é de cerca de US$ 90 bi, ou cerca de 150% do PIB; país está em moratória técnica desde março deste ano

O governo do Líbano corre para viabilizar um empréstimo de US$ 10 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O pedido de socorro, classificado como “momento histórico” pelo premiê Hassan Diab, seria mais uma tentativa de reverter a espiral de crise econômica na qual o país entrou nos últimos anos.

A dívida pública libanesa chega a US$ 90 bilhões, quase 150% de seu PIB (Produto Interno Bruto). A meta é reduzi-la para cerca de 100%, segundo a agência de notícias Reuters.

Em março deste ano, o país não pagou US$ 31 bilhões em bônus que devia ao exterior. Na prática, trata-se de moratória técnica.

O Líbano vive sua maior crise econômica desde o fim da guerra civil, de 1975 a 1990. A economia do país é dependente sobretudo do turismo e das remessas enviadas pelos libaneses no exterior.

Líbano tenta acelerar acordo de US$ 11 bi com FMI para sair da crise
Baía de Zaitunay, no centro da capital libanesa Beirute (Foto: Wikimedia Commons)

Também houve grave desvalorização da libra libanesa, o que eleva o valor da dívida contraída em moeda forte, mas aumenta a competitividade das exportações. Oficialmente, a taxa de câmbio é de 1.500 libras libanesas para US$ 1. Na prática, é de 3.800.

Já a estimativa de inflação para este ano gira em torno de 30%. Houve protestos nas ruas das principais cidades, interrompidos pela pandemia.

Sistema financeiro

Os credores privados temem eventual calote caso participem desse socorro ao governo libanês. A associação de bancos local já afirmou que não foi consultada e não endossa o plano, “embora tenha um papel-chave em qualquer solução”.

Os banqueiros libaneses avaliam que a proposta do governo vai minar a confiança doméstica e internacional no país e paralisar investimentos. O governo planeja uma reestruturação do sistema financeiro do país.

A associação recomendou que o governo promova uma grande venda de ativos estatais antes de tomar novos empréstimos, segundo a Bloomberg.

Beirute também tenta captar US$ 11 bilhões prometidos por doadores estrangeiros. A expectativa é a de que credores externos topem aportar capital depois que houver composição com o Fundo.

Esse tipo de condicionamento é comum. Durante a crise da dívida externa, nos anos 1980, credores privados como bancos comerciais recusavam-se até mesmo a conversar caso o país devedor não tivesse um acordo já firmado com o Fundo.

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