Relatório revela que insegurança alimentar piorou no Líbano após conflito

Quase um terço dos libaneses enfrentam insegurança aguda enquanto riscos de malnutrição permanecem

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O conflito no Líbano entre forças de Israel e do movimento islâmico Hezbollah mergulhou o país em uma crise de insegurança alimentar. Atualmente, mais de 30% da população está passando insegurança aguda, de acordo com uma análise divulgada nesta quarta-feira. 

O impacto dos combates sobre a agricultura e a economia está atrasando a recuperação. O representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no Líbano, Matthew Hollingworth, afirma que a crise alimentar não deve ser nenhuma surpresa.

Níveis de emergência

Ele explica que após 66 dias de guerra precedida por meses de conflito, as vidas e existências dos libaneses foram totalmente destruídas.

Destruição após ataque aéreo nos subúrbios do sul de Beirute em 20 de setembro de 2024 (Foto: Dar al Mussawir-Ramzi Haidar/Unicef)

Cerca de 1,65 milhão de pessoas estão enfrentando níveis de emergência, o que na Fase Integrada de Classificação de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) representa fase 3 ou mais. O número que já passou ao patamar 4 é o dobro agora, com 210 mil libaneses nessa situação.

Com a pausa no conflito, muitas pessoas decidiram voltar à casa, mas outras não tem um lar ao qual retornar. Para o representante do PMA, é preciso apoiar o governo e os libaneses a reconstruir suas vidas e os sistemas alimentares do país.

Segundo a análise realizada pelo PMA, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo governo do Líbano, a insegurança alimentar deve durar mais de três meses. 

Três em cada quatro crianças têm crescimento ameaçado

A escalada dos confrontos impactou os agricultores e ameaça a sustentabilidade de atividades agrícolas.

Os refugiados no Líbano estão na linha de frente do risco. Cerca de 594 mil refugiados sírios e 89 mil refugiados palestinos estão na fase 3 do IPC, assim como 975 mil residentes libaneses.

A economia do Líbano contraiu 34% no produto interno bruto (PIB) real desde 2019 com investimentos estagnados. O país está correndo o risco de malnutrição entre adolescentes, crianças e mulheres.

Três em cada quatro crianças libanesas abaixo de cinco anos estão consumindo uma dieta pobre que leva ao risco de atraso no crescimento.

O ministro interino da Agricultura, Abbas Al-Hajj Hassan, afirmou que as parcerias com agências da ONU fortalecem o Líbano. Para ele, a prioridade agora é assegurar fundos para enfrentar os prejuízos causados ao setor pelo conflito.

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