Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
O conflito no Líbano entre forças de Israel e do movimento islâmico Hezbollah mergulhou o país em uma crise de insegurança alimentar. Atualmente, mais de 30% da população está passando insegurança aguda, de acordo com uma análise divulgada nesta quarta-feira.
O impacto dos combates sobre a agricultura e a economia está atrasando a recuperação. O representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no Líbano, Matthew Hollingworth, afirma que a crise alimentar não deve ser nenhuma surpresa.
Níveis de emergência
Ele explica que após 66 dias de guerra precedida por meses de conflito, as vidas e existências dos libaneses foram totalmente destruídas.

Cerca de 1,65 milhão de pessoas estão enfrentando níveis de emergência, o que na Fase Integrada de Classificação de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) representa fase 3 ou mais. O número que já passou ao patamar 4 é o dobro agora, com 210 mil libaneses nessa situação.
Com a pausa no conflito, muitas pessoas decidiram voltar à casa, mas outras não tem um lar ao qual retornar. Para o representante do PMA, é preciso apoiar o governo e os libaneses a reconstruir suas vidas e os sistemas alimentares do país.
Segundo a análise realizada pelo PMA, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo governo do Líbano, a insegurança alimentar deve durar mais de três meses.
Três em cada quatro crianças têm crescimento ameaçado
A escalada dos confrontos impactou os agricultores e ameaça a sustentabilidade de atividades agrícolas.
Os refugiados no Líbano estão na linha de frente do risco. Cerca de 594 mil refugiados sírios e 89 mil refugiados palestinos estão na fase 3 do IPC, assim como 975 mil residentes libaneses.
A economia do Líbano contraiu 34% no produto interno bruto (PIB) real desde 2019 com investimentos estagnados. O país está correndo o risco de malnutrição entre adolescentes, crianças e mulheres.
Três em cada quatro crianças libanesas abaixo de cinco anos estão consumindo uma dieta pobre que leva ao risco de atraso no crescimento.
O ministro interino da Agricultura, Abbas Al-Hajj Hassan, afirmou que as parcerias com agências da ONU fortalecem o Líbano. Para ele, a prioridade agora é assegurar fundos para enfrentar os prejuízos causados ao setor pelo conflito.