Três altos funcionários iranianos afirmaram que apenas um acordo de cessar-fogo em Gaza, resultado das negociações esperadas para esta semana, poderia impedir o Irã de retaliar diretamente Israel pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em território israelense. As informações são da agência Reuters.
A República Islâmica prometeu dar o troco ao assassinato de Haniyeh, que ocorreu em Teerã no final do mês passado e que o Irã atribui a Israel, embora o Estado judeu não tenha confirmado nem negado seu envolvimento – há relatos de que a Mossad, a agência de inteligência israelense, tenha contratado agentes de segurança iranianos para colocar explosivos em três salas distintas de um prédio onde Ismail Haniyeh estava hospedado.
Enquanto isso, a Marinha dos EUA enviou navios de guerra e um submarino para o Oriente Médio para fortalecer as defesas israelenses.
Um alto funcionário de segurança iraniano afirmou que o Irã, junto com aliados como o Hezbollah, realizaria um ataque direto se as negociações em Gaza falhassem ou se Israel fosse visto como atrasando as conversas. As fontes não informaram quanto tempo Teerã aguardaria antes de tomar uma ação.
Com o aumento do risco de uma guerra mais ampla no Oriente Médio após os assassinatos de Haniyeh e do comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, o Irã tem intensificado as conversas com países ocidentais e os Estados Unidos para ajustar sua resposta, segundo fontes que pediram anonimato devido à natureza sensível do tema.
Em declarações feitas nesta terça-feira (13), o embaixador dos EUA na Turquia confirmou que Washington está solicitando aos aliados que ajudem a persuadir o Irã a reduzir as tensões. Três fontes do governo regional relataram que estão em contato com Teerã para evitar uma escalada antes das negociações de cessar-fogo em Gaza, que estão programadas para começar na quinta-feira (15) no Egito ou no Catar.
O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, informou durante coletiva de imprensa na segunda-feira (12) que “algo pode acontecer ainda esta semana envolvendo o Irã e seus representantes. Isso é uma avaliação tanto dos EUA quanto de Israel”.
Israel e o Hamas tentaram negociar um cessar-fogo definitivo várias vezes, mas sem sucesso. Em Israel, há uma expectativa crescente de retaliação, especialmente após o aiatolá Ali Khamenei prometer “punir severamente” Israel pelo ataque em Teerã.
Desde que assumiu o cargo em julho, o novo presidente relativamente moderado do Irã, Masoud Pezeshkian, tem reiterado consistentemente a postura anti-Israel do país e seu apoio aos movimentos de resistência na região.
“Excessivo”, diz Teerã sobre pedido de líderes europeus
Apesar da expectativa, nesta terça-feira, o Irã rejeitou um apelo de três países europeus para que evitasse ataques retaliatórios que poderiam aumentar ainda mais as tensões regionais, qualificando o pedido como “excessivo”, segundo informações da Associated Press.
Em uma declaração conjunta, os líderes do Reino Unido, França e Alemanha haviam solicitado ao Irã e seus aliados que se abstivessem de retaliação pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã no mês passado, um ataque pelo qual o Irã responsabiliza Israel.
Os líderes europeus também apoiaram os esforços de mediação do Catar, Egito e Estados Unidos para negociar um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que devem ser retomados na quinta-feira, e pediram a liberação de reféns e a entrega irrestrita de ajuda humanitária a Gaza.