A partir desta quarta-feira (23), as escolas do Afeganistão estão fechadas para a entrada de meninas a partir do que, no Brasil, equivale à 6ª série do ensino fundamental. A ordem é do movimento Taleban, que governa o país desde agosto passado.
Logo após a decisão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou as autoridades afegãs a “abrirem as escolas para todos os alunos sem mais delongas”. Em nota emitida pelo seu porta-voz, ele lembrou que “o início do novo ano letivo foi antecipado por todos os alunos, meninas e meninos, pais e famílias”.
Para Guterres, o fracasso das autoridades talibãs em reabrir as escolas para todas as meninas, apesar das promessas em contrário, é uma profunda decepção e muito prejudicial para o Afeganistão. Ele declarou que a restrição “não apenas viola os direitos iguais de mulheres e meninas à educação, mas também põe em risco o futuro do país em vista das enormes contribuições das mulheres e meninas afegãs”.

Já a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, lembrou os compromissos assumidos pelo Taleban com a educação das meninas. Para ela, a recusa em garantir o direito igual à educação deixa o grupo “mais exposto à violência, pobreza e exploração”. A expectativa era de que as meninas voltassem às aulas em todos os níveis de ensino.
Em comunicado, Bachelet diz que o tema levanta “grande preocupação, em um momento em que o país precisa superar várias crises que se cruzam de forma urgente”. A alta comissária afirma que “tirar o poder de metade da população do Afeganistão é contraproducente e injusto”.
Bachelet visitou a capital afegã por um dia no início deste mês. Ela conversou com mulheres que relataram ter informações, soluções e capacidade de ajudar a definir uma saída para as atuais crises econômica, humanitária e de direitos humanos no Afeganistão.
Bachelet apelou às autoridades afegãs para que respeitem os direitos de todas as meninas à educação e que “abram escolas para todos os alunos, sem discriminação ou mais atrasos”.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) também se manifestou, dizendo que a decisão das autoridades de adiar o regresso à escola das alunas é “um grande revés para as meninas e para o seu futuro”.
Para Catherine Russell, diretora executiva do Unicef, com esta medida, é negado a toda uma geração de adolescentes o direito à educação e “a oportunidade de adquirirem as competências de que necessitam para construir o seu futuro”.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News