Acordo de 2015 ainda é melhor saída para conter Irã, diz secretária da ONU

Vice-líder em assuntos sobre consolidação da paz, norte-americana vê acordo como "fundamental"

O acordo de 2015 ainda é a melhor alternativa para conter o avanço nuclear do Irã, avalia a secretária-adjunta de assuntos políticos e consolidação da paz da ONU (Organização das Nações Unidas), Rosemary DiCarlo.

A declaração foi feita pela norte-americana durante reunião do Conselho de Segurança nesta terça (30), segundo informações das Nações Unidas. “A implementação [do acordo] é fundamental para a estabilidade regional”, afirmou.

O governo dos EUA deixou o acordo em 2018 e reimpôs sanções contra o país persa. No ano seguinte, Teerã ultrapassou o limite de armazenamento de urânio e anunciou que iria enriquecer mais matéria-prima.

Em 18 de outubro, termina o embargo de armas das Nações Unidas ao Irã.

Acordo de 2015 ainda é melhor saída para conter Irã, diz secretária da ONU
Rosemary DiCarlo, secretária-adjunta de assuntos políticos e consolidação da paz da ONU, em imagem de março de 2020 (Foto: UN Photo/Manuel Elias)

O encontro, que aconteceu por vídeoconferência, abordou o nono relatório do Secretário-Geral do Conselho a respeito da resolução 2231, sobre o acordo com o Irã, no âmbito da ONU.

Mesmo após a sanção, a ONU identificou armas iranianas envolvidas em ataques à Arábia Saudita em 2019 e com rebeldes houthis no Iêmen. O secretariado, informou DiCarlo, também foi informado pelos sauditas e por Israel e Austrália sobre armas e outros materiais que teriam passado pelo país, mesmo com a sanção.

A norte-americana DiCarlo fez carreira no serviço diplomático de seu país. Serviu nas embaixadas de Moscou, na Rússia, e Oslo, na Noruega, e no Conselho Nacional de Segurança, em Washington, antes da ONU.

Lados antagônicos da disputa

O chanceler iraniano, Mohammad Zarif, afirmou que o fim do acordo será um “retrocesso de uma geração” para o multilateralismo. Zarif também criticou o que interpreta como uma campanha de intimidação do dos EUA contra as instituições internacionais.

Teerã, afirmou o ministro, cumpriu com suas obrigações do acordo. Zarif mencionou relatórios da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) nos quais a entidade confirmou que houve adesão aos termos tratados no pacto de 2015.

Do lado norte-americano, o secretário de Estado Mike Pompeo descreveu o Irã como “o mais abominável regime terrorista”. Pompeo defendeu a extensão do embargo de armas de 2017, que está respaldado na resolução 1747, de dez anos antes.

O titular das Relações Exteriores dos EUA lembrou de atentados a Israel e países do Golfo Pérsico ao advogar pelo embargo. Também afirmou que o fim do dispositivo permitiria a Teerã comprar armas da Rússia e incentivar instabilidade na região.

Segundo o jornal norte-americano “The New York Times“, britânicos, franceses e alemães manifestaram desagrado à postura norte-americana, mas defenderam a manutenção do embargo.

O acordo de 2015 foi costurado pelo então presidente norte-americano Barack Obama e estipulava regras de controle para o enriquecimento de urânio para fins pacíficos por parte do governo iraniano.

Participaram do entendimento os membros permanentes do Conselho – EUA, França, Reino Unido, Rússia e China – e a Alemanha.

A função do órgão da ONU era garantir que o Irã respeitaria as regras impostas e permitiria acesso da AIEA da supervisão das instalações de processamento de material nuclear no país.

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