Atento a China e Coreia do Norte, premiê do Japão fala em intensificar as defesas

Receoso do crescente poderio bélico dos vizinhos, Fumio Kishida falou que iria "considerar todas as opções"

Sob a justificativa de que China e Coreia do Norte representam uma potencial ameaça à segurança nacional, o recém-empossado primeiro-ministro japonês Fumio Kishida voltou a falar, neste sábado (27), em reforçar a capacidade de defesa do país. Receoso do crescente poderio bélico dos vizinhos, ele afirmou que iria “considerar todas as opções”, segundo relatou a agência catari Al Jazeera.

A autoridade japonesa se manifestou sobre a segurança na região durante uma revista de tropas no fim de semana. De acordo com Kishida, a atmosfera, que já é tensa, estaria “mudando rapidamente”, e “a realidade é mais severa do que nunca”. Ele se referiu ao fato de que a Coreia do Norte segue com testes de mísseis balísticos enquanto aumenta sua capacidade de ataque, enquanto a China segue em busca de incremento militar e tem “atividade cada vez mais assertiva”, além de ter ampliado o arsenal nuclear.

“Vou considerar todas as opções, incluindo possuir a chamada ‘capacidade de ataque da base inimiga’, de forma a buscar o fortalecimento do poder de defesa que é necessário”, disse Kishida a cerca de 800 membros da Força de Autodefesa Terrestre.

O primeiro-Ministro Fumio Kishida durante discurso em outubro (Foto: WikiCommons)

No cargo desde outubro, Kishida, ligado ao Partido Liberal Democrático (PLD, a direita conservadora japonesa), sustenta um discurso defensivo e alega que coisas que costumavam acontecer somente na ficção científica são a realidade de hoje.

“O ambiente de segurança em torno do Japão está mudando rapidamente, a uma velocidade sem precedentes”, disse ele, acrescentando que seu governo conduzirá discussões “calmas e realistas” que resultarão em um entendimento sobre o que é necessário para proteger a vida dos cidadãos do país.

No entanto, a perspectiva de Kishida em possuir a chamada capacidade de ataque à base inimiga levantou uma questão polêmica, com seus opositores políticos alegando que a medida estaria contrariando a constituição japonesa de renúncia à guerra.

O político mudou sua postura dovish para uma mais hawkish – termos usados na política econômica, onde o primeiro significa um conceito expansionista, e o segundo, uma doutrina contracionista. Analistas dizem que, aparentemente, Kishida estaria agindo dessa forma para agradar líderes influentes dentro de seu partido no governo e se fortalecer, entre eles o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. Com essa postura, o premiê tem defendido o aumento da capacidade e dos gastos militares japoneses.

Bilhões para a defesa

Para impulsionar sua visão de segurança nacional, que inclui ainda temores com a Rússia, o Gabinete de Kishida aprovou na última sexta-feira (26) um orçamento extra de defesa de 770 bilhões de ienes (cerca de US$ 6,8 bilhões). O dinheiro deverá ser utilizado para alavancar a compra de mísseis, foguetes anti-submarinos e outras armas. O pedido ainda depende de aprovação do parlamento

A cifra é um recorde para um orçamento de defesa extra e levará os gastos militares do Japão para 2021 a um nova marca histórica de mais de 6,1 trilhões de ienes (US$ 53,2 bilhões), o que representa aumento de 15% em relação a 2020.

Críticos do primeiro-ministro argumentam que o país, nação com o maior número de idosos do mundo e com uma população em declínio, deveria reservar mais dinheiro para saúde e outros serviços. Kishida bate o pé e diz que está aberto a dobrar os gastos militares para lidar com as questões de segurança.

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