Bogotá reagiu com desprezo às recentes ameaças do dissidente das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Jesús Santrich, que, em um vídeo da última segunda (22), jurou o presidente colombiano Iván Duque de morte.
Na gravação, o ex-líder direciona a Duque a expressão em latim “memento mori” – em português, “lembre-se que você vai morrer”. Foragido, Santrich deixou o acordo de paz para se unir à guerrilha da chamada Nueva Marquetalia e estaria refugiado na Venezuela.
“Todo procustiano realiza o seu desejo”, diz Santrich no vídeo ao qual o portal de notícias argentino Infobae teve acesso. “Ou seja, todo porco gordo realiza o seu dezembro. Nos vemos”.
Em resposta às ameaças, o conselheiro de Estabilização, Emilio Archila, afirmou que o governo não teme o criminoso. “Não temos medo dele. Pelo contrário, quem deve ter medo é Santrich”, disse ao periódico colombiano “Semana”.
Duque também trouxe o latim para responder a Santrich. “Fortis fortuna adiuvat”, disse, ao referir que “a fortuna favorece os mais fortes”. O pronunciamento foi feito durante o lançamento do Conat (Comando contra o Narcotráfico e Ameaças Transnacionais), no dia 26.
Pelo menos sete mil soldados do Exército integram a força de elite, disse a emissora La FM. “Não temo ameaças de criminosos. Lutamos contra eles implacavelmente em defesa do povo colombiano”, afirmou o presidente.
Duque, crítico do acordo de paz assinado após mediação das Nações Unidas em 2016, atribui a dissidentes das FARC crimes como formação criminosa em tráfico de drogas e mineração ilegal.
Santrich e a Nueva Marquetalia
As autoridades da Colômbia capturaram Santrich em Bogotá em abril de 2018. Ele deveria ser extraditado aos EUA por ligação com o tráfico de drogas, mas foi libertado em junho de 2019 para assumir o cargo de deputado.
No mesmo mês, Santrich deixou a Colômbia e teria se refugiado na Venezuela com o também ex-FARC Iván Márquez. Os dois guerrilheiros anunciaram na sequência a criação do grupo rebelde “Nueva Marquetalia”.
Um tribunal de Nova York acusa Santrich e Márquez de participação em crimes como formação de quadrilha, narcoterrorismo, porte ilegal de armas e conspiração para importação de cocaína aos EUA.
Relatórios apontam que o grupo já acumula 36 bases e cerca de cinco mil soldados até a metade do ano passado. Os dissidentes também teriam armamentos sofisticados, como uma aeronave leve, rifles longos e campos de concentração.