Líder da Al-Qaeda no Iêmen ameaça Trump e Elon Musk em seu primeiro vídeo após assumir o grupo

Saad al-Awlaki convoca militantes a atacar líderes árabes e americanos e busca reposicionar grupo jihadista no cenário internacional

Em sua primeira aparição pública desde que assumiu o comando da Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP), Saad bin Atef al-Awlaki divulgou um vídeo com ameaças diretas ao presidente dos EUA, Donald Trump, e ao empresário Elon Musk. A gravação, com cerca de 30 minutos, começou a circular no sábado (7) em canais de apoio ao grupo extremista. As informações são da agência Associated Press (AP).

No discurso, al-Awlaki cita nominalmente Trump, Musk e outras figuras da cúpula norte-americana, como o vice-presidente JD Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário da Defesa Pete Hegseth. Ele também faz apelos para que militantes solitários ataquem líderes políticos do Egito, Jordânia e países do Golfo em resposta à guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

“Não há linhas vermelhas depois do que aconteceu e está acontecendo com nosso povo em Gaza”, declarou al-Awlaki. “A reciprocidade é legítima.”

Elon Musk durante coletiva de imprensa em 2018 (Foto: Daniel Oberhaus/WikiCommons)

As imagens exibidas na gravação incluem fotos de Musk e logotipos de empresas fundadas por ele, como a montadora de carros elétricos Tesla. O tom do vídeo reforça a tentativa do líder jihadista de associar sua retórica à atual crise no Oriente Médio, com foco específico no conflito em Gaza, que tem mobilizado diferentes atores regionais — entre eles os rebeldes Houthis, também do Iêmen.

Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, os Houthis, apoiados pelo Irã, lançaram mísseis contra alvos israelenses e embarcações comerciais no Mar Vermelho, além de enfrentar navios da Marinha dos EUA. O Pentágono classificou os confrontos com os Houthis como os mais intensos desde a Segunda Guerra Mundial. Al-Awlaki tenta agora explorar a mesma narrativa, segundo analistas, para fortalecer sua posição no cenário jihadista.

“À medida que os Houthis ganham popularidade como líderes da resistência do mundo árabe e muçulmano contra Israel, al-Awlaki busca desafiar essa hegemonia se apresentando como igualmente comprometido com a situação em Gaza”, afirmou Mohammed al-Basha, especialista iemenita do Basha Report.

Saad al-Awlaki substituiu Khalid al-Batarfi na liderança da AQAP após sua morte, anunciada pelo grupo em 2024. Procurado pelos Estados Unidos, al-Awlaki tem uma recompensa de US$ 6 milhões oferecida por informações que levem à sua captura. Segundo Washington, ele “defendeu publicamente ataques contra os Estados Unidos e seus aliados”.

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