A China expressou forte condenação nesta quarta-feira (9) à visita de um ex-primeiro-ministro japonês a Taiwan nesta semana. As informações são da rede NHK.
Taro Aso está na ilha semiautônoma desde terça-feira (8) para uma visita de três dias, durante a qual se encontrou com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen. Durante um discurso na terça, Aso afirmou que a “prontidão para o combate” desempenha um papel crucial como um meio de dissuasão na região.
O Ministério das Relações Exteriores chinês declarou em comunicado: “O Japão exerceu domínio colonial sobre Taiwan, reprimindo brutalmente a resistência do povo e cometendo crimes atrozes. O Japão deve aprender com a história e agir com prudência.”
O ministério chinês enfatizou que a visita “viola gravemente o princípio de ‘Uma Só China’ e o espírito dos quatro documentos políticos entre China e Japão, além de desrespeitar as normas básicas das relações internacionais”.
Após o encontro com Aso, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joshua Wang, afirmou: “Continuaremos a colaborar com ele e seus colegas para garantir um Indo-Pacífico livre, aberto, seguro e próspero”.
A Embaixada da China em Tóquio classificou as declarações de Aso como “absurdas”, expressando essa posição em um comunicado divulgado na quarta-feira. A embaixada ressaltou que, caso algumas figuras no Japão persistam em conectar as questões internas da China com a segurança japonesa, isso representará mais um equívoco por parte do Japão.
Paralelamente, o Ministério da Defesa de Taiwan relatou que 11 aeronaves chinesas e cinco embarcações foram avistadas nas proximidades da ilha na quarta-feira.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.
A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em agosto. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.
O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.
Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.
As declarações do chefe da diplomacia norte-americana vão ao encontro do que disse o presidente chinês Xi Jinping no recente 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC). “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica”, disse ele ao assegurar seu terceiro mandato à frente do país. “Mas nunca prometeremos renunciar ao uso da força. E nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.