Arsenal nuclear da França deveria integrar o sistema de defesa da Europa, diz Macron

Presidente da França irrita opositores locais com a declaração, que segundo eles coloca ameaça a soberania estratégica nacional

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu no domingo (28) que o arsenal nuclear de seu país seja levado em consideração quando se debate a defesa da Europa. A manifestação, que gerou críticas de políticos locais, surge em um momento de hostilidade crescente com a Rússia, tendo Paris assumido o protagonismo no enfrentamento a Moscou.

“Estou pronto para abrir este debate, que deve incluir defesa antimíssil, capacidades de longo alcance e armas nucleares para aqueles que as possuem ou que hospedam armamentos nucleares americanos”, disse Macron, segundo relatou a rede Deutsche Welle (DW).

O presidente francês reforçou que seu país “está disposto a contribuir mais para a defesa da Europa” e acrescentou: “Vamos colocar tudo na mesa e ver o que realmente nos protege de uma forma credível.”

Macron em evento das Forças Armadas da França, junho de 2019 (Foto: elysee.fr)

Macron vem se tornando uma figura bastante ativa no combate à ameaça russa. No final de fevereiro, ele também gerou polêmica ao afirmar que a presença de tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Ucrânia, para combater as forças invasoras de Moscou, “não pode ser descartada“.

Mesmo desmentido pela aliança, que descartou tal iniciativa, ele reforçou sua posição posteriormente, em entrevista ao jornal Le Parisien. “Nosso dever é nos preparar para todos os cenários”, disse na oportunidade. “Talvez em algum momento – não quero, não tomarei a iniciativa – teremos que ter operações no terreno, sejam elas quais forem, para combater as forças russas.”

Agora, a oferta do arsenal nuclear francês a seus vizinhos europeus foi bastante contestada por rivais políticos domésticos, que enxergam a situação como uma ameaça à “soberania estratégica francesa”. De acordo com os opositores, as armas nucleares sustentam a dissuasão militar da França, e colocá-las à disposição de seus aliados põe a nação em perigo.

Uma das críticas à declaração do presidente partiu de Thierry Mariani, um legislador de extrema direita. Ele usou seu perfil na rede social X, antigo Twitter, para contestar a ideia. “Depois das armas nucleares, será o assento permanente da França no Conselho de Segurança da ONU que também será vendido à União Europeia (UE). Macron está se tornando um perigo nacional!”

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