As Forças Armadas da Rússia estão atualmente focadas em conquistar a cidade de Avdiivka, na região parcialmente ocupada de Donetsk, leste da Ucrânia. A ofensiva, entretanto, não tem sido bem-sucedida, segundo informações dos serviços de inteligência britânicos, o que gera críticas de analistas pró-Kremlin e levou o governo a buscar alternativas para ampliar suas fileiras ante à perda de combatentes.
“A Rússia provavelmente comprometeu elementos de até oito brigadas para o setor. Estes elementos provavelmente sofreram algumas das maiores taxas de baixas da Rússia em 2023 até agora”, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido no sábado (28), em boletim periódico que analisa o desempenho das forças russas no conflito.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine – 28 October 2023.
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) October 28, 2023
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Devido ao insucesso, blogueiros nacionalistas especializados no desempenho dos militares russos teriam ampliado suas críticas às estratégias usadas na Ucrânia. Eles “exigem que mais território seja tomado, mas os militares não conseguem gerar uma ação ofensiva eficaz a nível operacional.”
Se o boletim do Ministério da Defesa do Reino Unido não cita números de baixas, Kiev o faz. Nesta segunda-feira (30), conforme prossegue a contraofensiva para retomar territórios ocupados pela Rússia, o Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia afirmou que já são quase 299.940 mil soldados russos mortos ou feridos desde a invasão, em 24 de fevereiro de 2022.
Mulheres na frente de batalha
As perdas humanas têm sido desde o começo da guerra um desafio para o Kremlin, que se viu obrigado a adotar uma série de medidas para recrutar soldados. Entre elas a mobilização parcial de setembro de 2022, que adicionou cerca de 300 mil homens às Forças Armadas, e a aposta em organizações militares privadas como o Wagner Group, que perdeu relevância após protagonizar um motim em junho deste ano.
Atualmente, conforme avaliação da inteligência britânica, uma outra organização militar privada tem sido usada com destaque pelo governo russo na guerra. E mulheres também estariam na mira dessa entidade, identificada como Batalhão Borz, parte do grupo mercenário Redut.
As mulheres estariam sendo recrutadas para atuarem como atiradoras de elite e operadoras de veículos aéreos não tripulados (VANT). “O Redut provavelmente é patrocinado diretamente pela Diretoria Principal de Inteligência Russa”, diz o boletim do Ministério da Defesa do Reino Unido.
Em março, o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu disse que 1,1 mil mulheres foram destacadas para combater na Ucrânia, o que equivale a 0,3% de todo o contingente russo. Nas Forças Armadas, porém, elas se concentram em atuar no suporte médio e nos serviços de alimentação.
“As mulheres raramente assumiram funções de combate na linha da frente dentro das forças pró-Rússia durante o conflito atual”, diz a inteligência britânica. “No entanto, havia uma forte tradição de mulheres atiradoras e outras tropas de combate nas forças soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial.”