Aumento da temperatura e escassez de chuvas reforçam o alerta na África Oriental

OMM confirma seca mais grave em quatro décadas, com Etiópia, Quênia e Somália em iminente situação de emergência

A OMM (Organização Meteorológica Mundial) lançou um novo alerta sobre a “perspectiva bastante real” da falta de chuvas. A situação, que acontece pela quarta temporada consecutiva, colocará os países da África Oriental na seca mais longa dos últimos 40 anos.

Etiópia, QuêniaSomália já foram alvos de apelos urgentes lançados por agências humanitárias que defendem mais apoio internacional a fim de se evitar uma fome generalizada.

A comunidade hidrometeorológica abriu o ano de 2022 com frequentes alertas a especialistas da ONU (organização das Nações Unidas) e de agências humanitárias sobre um possível desastre. A meta dos avisos é fornecer assessoria e apoiar ações antecipadas e de planejamento.

Neste ano, o primeiro mês da estação chuvosa, entre março a maio, foi particularmente seco. De acordo com a última avaliação do centro de previsão e aplicações climáticas do Igad (Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento), a região como um todo também registrou temperaturas mais altas e chuvas abaixo do normal.

Aumento da temperatura e escassez de chuvas  reforçam o alerta na África Oriental
Cidadãos de Tigré, na Etiópia, fogem de conflitos em direção ao Sudão em dezembro de 2020 (Foto: UN Photo/Will Swanson)

O centro climático regional da OMM lembra que a temporada conhecida como “de chuvas longas” é a principal estação chuvosa, em especial na região equatorial, contribuindo com até 70% da precipitação anual.

O secretário executivo do Igad , Workneh Gebeyehu, disse que a chuva que cai durante o período é essencial, mas tem sido falha por quatro temporadas consecutivas. O fator associado a conflitos na região e na Europa se junta ao impacto do Covid-19 e a desafios macroeconômicos que levaram a insegurança alimentar a níveis agudos no extremo leste da África.

Além das recorrentes secas, a região também foi afetada por grande surto de gafanhotos do deserto nos últimos dois anos.

29 milhões de necessitados

O Igad lidera o Grupo de Trabalho de Segurança Alimentar e Nutrição com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e estima que mais de 29 milhões de pessoas enfrentam altos níveis de insegurança alimentar em toda a região.

Entre 6 milhões e 6,5 ​​milhões dessas pessoas vivem na Etiópia, 3,5 milhões no Quênia e 6 milhões na Somália. O centro-sul somali  abriga 81 mil pessoas em risco de fome.

Nesta semana, a FAO, o PMA (Programa Mundial de Alimentos), o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Ocha (Escritório da ONU de Assistência Humanitária) pediram mais fundos urgentes para a escalada de medidas essenciais no país onde 40% dos somalis estão à beira da fome.

A situação ameaça severamente seis áreas do país onde o aumento de pessoas necessitadas foi quase duas vezes superior em relação ao que enfrentam níveis extremos de insegurança alimentar aguda desde o início do ano.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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