Banco Mundial interrompe repasses ao Mali após golpe contra governo de transição

Associação de desenvolvimento do Banco Mundial financia cerca de US$ 1,5 bilhão em projetos no país africano

O mais recente golpe ao governo de transição do Mali fez com que o Banco Mundial suspendesse temporariamente os pagamentos às operações no país, anunciou o órgão em comunicado ao qual a Reuters teve acesso, nesta sexta (4).

A IDA (Associação Internacional de Desenvolvimento), do Banco Mundial, financia cerca de US$ 1,5 bilhão em projetos no Mali. A entidade afirmou que pausou os desembolsos enquanto “monitora e avalia a situação de perto”.

Na quinta-feira, a França, antiga metrópole e principal aliada de segurança do país africano, já havia anunciado a suspensão das operações conjuntas. Paris mantém mais de 5 mil soldados em combate a jihadistas no país do Sahel.

Banco Mundial interrompe repasses ao Mali após golpe contra governo de transição
Choguel Maiga, o mais cotado para assumir como primeiro-ministro do Mali, em pronunciamento na capital Bamako, maio de 2021 (Foto: Reprodução/Facebook/Choguel Kokalla Maiga)

A comunidade internacional espera usar a influência para pressionar o coronel reformado e atual líder do Mali, Assimi Goita, a respeitar o acordo de 18 meses do governo de transição após o golpe que destituiu o então presidente Ibrahim Boubacar Keita, em agosto de 2020. Uma eleição presidencial está agendada para fevereiro.

Mali sofreu o segundo golpe em menos de um ano no dia 25. Goita anunciou a demissão do presidente Bah Ndaw e do primeiro-ministro Moctar Ouane um dia depois de ordenar a prisão de ambos na capital Bamako, na segunda (24). Segundo ele, os dois violaram a carta de transição ao não consultá-lo na escolha do novo governo.

Sucessor em vista

O golpe elevou o temor internacional de que a crise política malinesa enfraquecerá os esforços para combater os militantes islâmicos no Sahel africano. A expectativa, agora, é que Goita nomeie Choguel Maiga como primeiro-ministro.

Maiga liderou a coalizão de oposição M5-RFP, grupo que liderou os protestos contra Keita em junho do ano passado. O político demonstrou um tom conciliatório no comício em homenagem ao primeiro aniversário das manifestações, em Bamako.

“Respeitaremos os compromissos internacionais que não sejam contrários aos interesses fundamentais do povo do Mali”, disse. “Sanções e ameaças apenas complicarão a situação”. A União Africana e Ecowas, bloco regional da África Ocidental, condenaram o golpe, mas não impuseram mais sanções.

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