Centenas de prisioneiros escapam após ataque de grupo rebelde a presídio na RD Congo

Ação foi atribuída a um grupo Mai-Mai, termo usado para definir milícias étnicas armadas que atuam no país africano

Homens armados atacaram uma prisão na cidade de Butembo, no leste da República Democrática do Congo, na terça-feira (9). A ação permitiu que centenas de prisioneiros escapassem, segundo informações da agência Reuters.

Antony Mwalushayi, porta-voz das operações do exército contra grupos armados na província de Kivu do Norte, disse que dois policiais foram mortos durante o ataque e que a prisão foi danificada em virtude de um incêndio. Ele atribuiu a ação a um grupo Mai-Mai, termo usado para definir milícias étnicas armadas que atuam no país.

Por sua vez, o prefeito de Butembo, Mowa Baeki-Telly, pediu à população que não realize linchamentos. Sem dar um número preciso de fugitivos, disse apenas que “centenas” de prisioneiros escaparam em função do ataque.

“Se houver um fugitivo, ele não deve ser queimado. Não o mate, traga-o aqui para que possamos colocá-lo de volta na prisão”, disse o prefeito.

Milicianos Mai-Mai se rendem a soldados da paz da Monusco, julho de 2020 (Foto: Wikimedia Commons)

Por que isso importa?

O termo Mai-Mai começou a ser usado na década de 1990 para descrever milícias locais organizadas em uma base étnica e engajadas em lutas em torno da proteção de suas comunidades e de seus interesses, como as terras, a economia e o poder político locais. São milícias baseadas nas comunidades em que foram formadas e que atuam contra outros grupos armados, inclusive os militares congoleses.

Durante os dois conflitos armados da RD Congo, entre 1996 e 2002, os Mai-Mai estiveram militarmente ativos nas províncias de Katanga, Kivu do Norte e do Sul, Orientale e Maniema. Inicialmente, fizeram parte de uma aliança mais ampla contra o governo congolês. Mais tarde, aturaram em colaboração com o governo congolês em oposição a Ruanda.

As milícias também estabeleceram relacionamentos oportunistas com antigos inimigos, geralmente em troca de pagamento ou armas. Durante todo o período do conflito armado, os Mai-Mai estiveram entre as partes armadas responsáveis ​​por graves abusos dos direitos humanos, incluindo homicídios, estupro, tortura e o uso de crianças-soldados.

Após o acordo de paz de Sun City, em 2002, que encerrou oficialmente o conflito na RD Congo, alguns grupos Mai-Mai entraram no governo de transição, enquanto outros permaneceram fora do processo de transição e continuaram militarmente ativos em suas localidades.

Tags: