Chega a 21 o número de mortos em ataque do Al-Shabaab a hotel na Somália

Homem-bomba invadiu o local e ativou seu dispositivo explosivo, abrindo caminho para outros terroristas atacarem

O governo da Somália confirmou as mortes de 21 pessoas no ataque do grupo extremista Al-Shabaab ao Hotel Hayat, na capital Mogadíscio, na última sexta-feira (19). Um homem-bomba invadiu o local e ativou seu dispositivo explosivo, abrindo caminho para outros terroristas atacarem. Parte do edifício desabou devido a explosões causadas pelos jihadistas. As informações são da agência Reuters.

O ministro da Saúde Haji Adan confirmou o número de mortos e disse que outras 117 ficaram feridas, 15 deles gravemente. “É possível que haja cadáveres que não foram levados para hospitais, mas enterrados por parentes. O número de mortos e de vítimas é baseado no número levado aos hospitais”, disse ele.

Já o comissário de polícia Abdi Hassan Mohamed Hijar disse que 106 pessoas, entre elas crianças e mulheres, foram resgatadas pelas autoridades após um cerco que durou cerca de 30 horas. Quatro terroristas forma mortos pelas forças de segurança, que não precisaram o número de insurgentes envolvidos no ataque.

O hotel atacado era um popular ponto de encontro de autoridades do governo, sendo que dezenas de pessoas estavam no local na hora do evento. Foi o maior ataque do Al-Shabaab no país desde que o presidente Hassan Sheikh Mohamud assumiu o poder em junho deste ano.

O ataque ocorreu cinco dias depois de uma ação da força aérea dos EUA matar 13 terroristas do Al-Shabaab na região de Hiiraan, a norte de Mogadíscio. Washington recentemente enviou cerca de 500 soldados à Somália para agir contra grupos extremistas. Washington havia decidido retirar suas tropas do país durante o governo Trump, mas Joe Biden reativou a missão.

Terroristas do Al-Shabaab no Hotel Hayat, em Mogadíscio (Foto: reprodução/Twitter)
Por que isso importa?

O Al-Shabaab, grupo extremista islâmico ligado à Al-Qaeda, chegou a controlar a capital da Somália, Mogadíscio, até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

Um relatório do International Crisis Group (Grupo de Crise Internacional, em tradução literal), cuja meta é prevenir guerras em todo o mundo, diz que derrotar o Al-Shabaab é uma tarefa complexa devido à quantidade de seguidores em território somali, algo na casa dos cinco mil. Assim, a melhor estratégia para o governo somali seria a negociação

“Combinada com a disfunção e a divisão entre seus adversários, a agilidade dos militantes permitiu que se inserissem na sociedade somali”, diz o documento. “Há um crescente consenso nacional e internacional de que o Al-Shabaab não pode ser derrotado apenas por meios militares”.

O relatório, porém, afirma que a diplomacia não vem sendo considerada pelo governo. “Há pouco apetite entre as elites somalis ou os parceiros internacionais do país para explorar alternativas, principalmente conversas com líderes militantes”. E acrescenta: “A alternativa é mais luta sem um fim à vista”.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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