Ciclone tropical Freddy caminha para se tornar tempestade recorde

Detentor do recorde de tempestade mais duradoura é o furacão John, que durou 31 dias no Pacífico Central em 1994

O ciclone tropical Freddy, que ameaça comunidades em Madagascar e Moçambique pela segunda vez em poucas semanas, pode se tornar a tempestade mais duradoura do gênero já registrada, disse a Organização Meteorológico Mundial (OMM) na terça-feira (7).

A OMM continua monitorando a “notável” tempestade tropical, que abriu um caminho destrutivo nos dois países desde que se desenvolveu pela primeira vez, há um mês. Pelo menos 21 pessoas foram mortas e milhares de deslocadas, com as últimas mortes relatadas em Madagascar na segunda-feira (5).

“Freddy está tendo um grande impacto socioeconômico e humanitário nas comunidades afetadas. O número de mortos foi limitado por previsões precisas e alertas precoces e ação coordenada de redução do risco de desastres no terreno, embora até mesmo uma vítima seja demais”, disse Johan Stander, diretor de serviços da OMM.

O ciclone tropical Freddy se desenvolveu na costa norte da Austrália, tornando-se uma tempestade nomeada em 6 de fevereiro. Em seguida, cruzou todo o sul do Oceano Índico antes de atingir Madagascar em 21 de fevereiro e, em seguida, Moçambique, três dias depois.

A tempestade trouxe fortes chuvas e inundações durante vários dias antes de retornar ao Canal de Moçambique, captando energia das águas quentes ao longo do caminho e, em seguida, movendo-se em direção à costa sudoeste de Madagascar.

Cena do alagamento de janeiro de 2022 em Antananarivo, Madagascar (Foto: Unicef)
Morte, deslocamento, destruição

Freddy está agora se afastando da zona, mas prevê-se que se intensifique ao rumar novamente para Moçambique, segundo a última trajetória, que alerta para fortes chuvas nas próximas 36 horas. A tempestade pode atingir a costa no final da semana, embora a previsão ainda seja muito incerta.

O escritório de assuntos humanitários da ONU (Ocha) informou na segunda-feira que quatro pessoas morreram em Madagascar devido às últimas chuvas, elevando o número total de mortos para 11. Mais de 3,1 mil pessoas foram deslocadas, com cerca de 3,3 mil casas inundadas ou destruídas.

Enquanto isso, dez mortes foram relatadas em Moçambique, que já estava sofrendo inundações devido a fortes chuvas sazonais antes da tempestade. As autoridades estimam que cerca de 1,75 milhão de pessoas foram afetadas e mais de oito mil deslocadas.

Uma operação humanitária está em andamento na região, com novos desafios esperados quando Freddy chegar à terra novamente.

‘Notável’ e ‘raro’

“Meteorologicamente, Freddy tem sido uma tempestade notável”, disse a OMM em um comunicado à imprensa, acrescentando que sua jornada por todo o Oceano Índico e em Madagascar “é muito rara”.

Freddy também estabeleceu o recorde por ter a maior energia de ciclone acumulada (ACE) de qualquer tempestade do hemisfério sul na história, de acordo com a agência espacial norte-americana NASA, referindo-se ao índice para medir a quantidade total de energia eólica associada a um ciclone tropical ao longo sua vida útil.

A OMM continua atenta para saber se a tempestade se tornará o ciclone tropical mais duradouro do mundo. O atual detentor do recorde, o furacão/tufão John no Pacífico Central, durou 31 dias em 1994.

“Neste momento, parece ser um novo detentor do recorde de ciclone tropical ‘mais duradouro’ registrado. Mas continuamos monitorando a situação”, disse Randall Cerveny, relator de climas e extremos climáticos da agência.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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