Cinco soldados do exército do Benin morrem em ação atribuída a jihadistas

Comboio militar atingiu um dispositivo explosivo improvisado, causando a morte dos soldados

Cinco soldados do exército do Benin foram mortos por supostos jihadistas no Parque Nacional Pendjari, na segunda-feira (12). As forças armadas não se manifestaram oficialmente, mas dois militares com conhecimento do caso confirmaram o ataque e o número de vítimas, segundo a agência Reuters.

De acordo com as duas fontes, que tiveram as identidades preservadas, um comboio militar atingiu um IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês), causando a morte dos soldados.

Em fevereiro deste ano, um grupo de homens armados havia matado oito pessoas, sendo cinco guardas florestais, no Parque Nacional W, no Benin, perto das fronteiras com o Níger e Burkina Faso. Um cidadão francês estava entre os mortos na emboscada, que vitimou ainda um militar e um funcionário do parque.

A presença de solados franceses na região é comum. Eles são geralmente encarregados de treinar os guardas florestais ou de acompanhá-los em patrulhas nos parques nacionais. O grupo morto em fevereiro realizava uma operação de combate à extração ilegal de madeira.

Cinco soldados do exército do Benin morrem em ação atribuída a jihadistas
Soldados do Benin em treinamento, agosto de 2017 (Foto: Flickr)

Por que isso importa?

A escalada de violência no norte do Benin, registrada a partir de 2016, sugere o aumento da presença de grupos extremistas islâmicos ligados ao Estado Islâmico (EI) e à Al-Qaeda, que têm migrado para o país provenientes de Burkina Faso, Níger e, mais a leste, Nigéria.

O combate ao terrorismo no país é deficiente, sobretudo em função da ideia de que trata-se de uma ameaça exclusivamente externa. Embora incontestável a presença de grupos extremistas islâmicos provenientes de nações vizinhas, também há um núcleo de violência doméstico.

No Benin, criadores de gado, sobretudo da comunidade Fula, são suspeitos de ligação com os jihadistas, e em certos casos eles próprios controlam grupos radicais. Os pastores, por exemplo, habitualmente facilitam a infiltração violenta de extremistas vindos de fora, que ingressam no país pelos Estados costeiros.

Além da religião, outro forte motivador da violência são as condições socioeconômicas, incluindo pobreza e desemprego.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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