Dois soldados do exército da Nigéria foram mortos num confronto com jihadistas no último domingo (28). O incidente ocorreu em uma base de operações na cidade de Gajiram, Estado de Borno, no nordeste do país africano. Os extremistas seriam integrantes do Boko Haram e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), segundo a emissora local Channels Television.
De acordo com um comunicado assinado pelo diretor de relações públicas do exército, brigadeiro general Onyema Nwachukwu, os jihadistas usaram caminhões equipados com metralhadoras na caçamba e outros armamentos pesados. O exército respondeu com “um volume devastador de fogo contra os terroristas, enquanto eles tentavam se infiltrar na Base Operacional Avançada”, diz o texto.
Nwachukwu afirmou, ainda, que os extremistas perderam mais homens que o exército. “Os terroristas, tendo sofrido várias baixas humanas e de equipamento até o momento deste relatório, recuaram em desordem. Infelizmente, dois soldados galantes pagaram o preço supremo durante o encontro”.
Na ação, o exército teria apreendido dez rifles AK-47, um canhão antiaéreo, 61 cartuchos de munição e outros armamentos pesados.
Por que isso importa?
Grupos jihadistas lutam para criar um califado islâmico no nordeste nigeriano, uma campanha violenta que já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin e inclui assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e constantes ataques a instalações militares.
Principal facção extremista do país, o Boko Haram passou a colecionar derrotas ultimamente, com a neutralização de seus líderes. Em junho deste ano, militantes do grupo jihadista gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante, na primeira baixa de impacto contra a organização.
Shekau morreu no dia 19 de maio, em um confronto com jihadistas do ISWAP na floresta de Sambisa, no nordeste da Nigéria. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano, em áudio ouvido pelo “Wall Street Journal” à época.
Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações não confirmadas oficialmente sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos. O maior indício dessa aliança é a realização de ataques contra organizações militares por combatentes suspeitos de integrarem ambas as facções
O Programa de Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o conflito entre jihadistas e militares na Nigéria resultou em mais de 30 mil mortes diretas, além de outras mais de 300 mil mortes por causas indiretas.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.