Confronto com jihadistas deixa dois militares mortos no nordeste da Nigéria

Em comunicado, exército diz ter causado "várias baixas humanas" contra os extremistas e apreendido armamento pesado usado no ataque

Dois soldados do exército da Nigéria foram mortos num confronto com jihadistas no último domingo (28). O incidente ocorreu em uma base de operações na cidade de Gajiram, Estado de Borno, no nordeste do país africano. Os extremistas seriam integrantes do Boko Haram e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), segundo a emissora local Channels Television.

De acordo com um comunicado assinado pelo diretor de relações públicas do exército, brigadeiro general Onyema Nwachukwu, os jihadistas usaram caminhões equipados com metralhadoras na caçamba e outros armamentos pesados. O exército respondeu com “um volume devastador de fogo contra os terroristas, enquanto eles tentavam se infiltrar na Base Operacional Avançada”, diz o texto.

Nwachukwu afirmou, ainda, que os extremistas perderam mais homens que o exército. “Os terroristas, tendo sofrido várias baixas humanas e de equipamento até o momento deste relatório, recuaram em desordem. Infelizmente, dois soldados galantes pagaram o preço supremo durante o encontro”.

Na ação, o exército teria apreendido dez rifles AK-47, um canhão antiaéreo, 61 cartuchos de munição e outros armamentos pesados.

Ação do exército da NIgéria contra grupos armados, em 2 de setembro (Foto: reprodução/Facebook)

Por que isso importa?

Grupos jihadistas lutam para criar um califado islâmico no nordeste nigeriano, uma campanha violenta que já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin e inclui assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e constantes ataques a instalações militares.

Principal facção extremista do país, o Boko Haram passou a colecionar derrotas ultimamente, com a neutralização de seus líderes. Em junho deste ano, militantes do grupo jihadista gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante, na primeira baixa de impacto contra a organização.

Shekau morreu no dia 19 de maio, em um confronto com jihadistas do ISWAP na floresta de Sambisa, no nordeste da Nigéria. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano, em áudio ouvido pelo “Wall Street Journal” à época.

Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações não confirmadas oficialmente sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos. O maior indício dessa aliança é a realização de ataques contra organizações militares por combatentes suspeitos de integrarem ambas as facções

O Programa de Desenvolvimento da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o conflito entre jihadistas e militares na Nigéria resultou em mais de 30 mil mortes diretas, além de outras mais de 300 mil mortes por causas indiretas.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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