Os tradicionais contadores de história do Chade, país no centro-oeste africano, estão levando informações sobre como se prevenir do novo coronavírus a comunidades remotas do país. Os esforços são paralelos às tentativas do governo de combater a pandemia no território.
Cerca de 80 trovadores — ou cantadores e poetas itinerantes — estão passando por vilas remotas de oito províncias do Chade para conscientizar a população do risco da doença.
No país extenso e pouco povoado, cerca de três quartos da população vive em áreas rurais. O acesso é limitado ou inexistente a celulares, rádio ou internet.
Diante desse cenário, o papel dos trovadores se torna ainda mais importante, afirma a coordenadora da ONU no país, Violet Kakyomya.
“São as pessoas mais confiáveis para entregar a informação por boca a boca e evitar mal-entendidos, que podem rapidamente se traduzir em rumores, desinformação e suspeitas”, afirmou.
Normalmente, o rádio é usado no Chade para fornecer informações de saúde e promover mudanças de comportamento entre a população. Mas mesmo o aparelho não chega a todas as partes do território. Muitas famílias não têm recursos para comprar um rádio ou baterias para carregá-los.

Combatendo a desinformação
Além da visita dos trovadores, as oito províncias devem receber cerca de mil trabalhadores da ONU. Esses enviados vão ensinar comportamentos de proteção, incluindo distanciamento social e higiene adequada das mãos.
Esses trabalhadores serão escolhidos pela própria comunidade e serão supervisionados pelo Ministério da Saúde do país.
“Muitas pessoas dizem que o vírus não sobrevive ao calor do Chade, então eu digo para eles que não é verdade e que já existem casos confirmados no país”, afirmou a assistente social Amina Gomnalta.
O Chade registrou o primeiro caso de coronavírus em meados de março. Até esta quarta (13) tinha 357 confirmações da doença e 40 mortes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mais de 200 mil pôsteres sobre a doença foram espalhados em prédios públicos, mercados, escolhas e centros de saúde nas 16 províncias do país. Os cartazes trazem mensagens encorajando as pessoas para que lavem as mãos regularmente, se cumprimentem à distância e não toquem o rosto com as mãos.
