Crescimento do mercado da pesca gera novas oportunidades para Angola, diz Unctad

Setor pesqueiro representou 2,1% do PIB do país africano no ano de 2018, empregando mais de 150 mil pessoas, segundo a ONU

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O crescimento do mercado global da pesca representa uma oportunidade de diversificação da economia em Angola. Esta é a conclusão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que elaborou um programa conjunto com a União Europeia (UE) para apoiar o país africano.

A expectativa é de que o volume do pescado comercializado globalmente aumente de 187 milhões de toneladas em 2018 para 250 milhões até 2030.

De acordo com o levantamento, a nação africana possui um vasto litoral, ampla mão de obra no setor pesqueiro e boas relações comerciais com os principais importadores europeus e asiáticos.

As exportações formais de Angola foram estimadas em US$ 81 milhões em 2018. Os principais produtos foram camarão, caranguejo e atum. O setor pesqueiro representou 2,1% do PIB (produto interno bruto) do país naquele ano e emprega mais de 150 mil pessoas.

Pescadores em Angola (Foto: 12091/pixabay.com)

O diretor da divisão da Unctad para África e países menos desenvolvidos, Paul Akiwumi, disse que o setor da pesca e aquicultura “pode ajudar Angola a diversificar a sua economia e a aproximar-se dos seus objetivos de desenvolvimento”.

Segundo a agência da ONU, atualmente Angola apresenta alta dependência do petróleo bruto, que representa 93% das suas exportações. Num contexto de baixa produtividade e falta de oportunidades em outros setores, um terço da população vive abaixo da linha da pobreza.

Perdas altas

Para a Unctad, o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento, a chamada economia azul, pode ampliar os meios de subsistência e reduzir a pobreza.

Dentre os desafios que Angola enfrenta, estão a informalidade e a falta de infraestrutura. Mais de 90% dos empregos são na pesca artesanal de pequena escala.

Além disso, o setor artesanal carece de acesso a água de qualidade, eletricidade, gelo, instalações de armazenamento, estradas e cadeia de transporte de frios para mercados lucrativos. Por isso, as perdas pós-pesca são altas.

A pesquisa mostra que Angola também precisa de políticas e instituições adequadas, incluindo laboratórios e instalações de pesquisa. A agência da ONU recomenda também mais colaboração entre governo, academia e entidades do setor privado para impulsionar a economia azul.

Em parceria com a UE, o Unctad desenvolveu um programa conjunto em Angola chamado Treinar para Comercializar II.   Por meio da iniciativa, já foram treinados 2.615 angolanos em temas como desenvolvimento de cadeias de valor, transporte, investimento, empreendedorismo, política comercial e facilitação do comércio.

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