Destacamento de elite do exército da Somália impõe duras perdas ao Al-Shabaab

Operação militar retomou vilarejos que vinham sendo controlados pelos extremistas e calcula ter neutralizado 60 terroristas

As Forças Especiais Danab, um destacamento de elite do exército da Somália, realizaram um vasta operação antiterrorismo que levou à retomada de ao menos seis vilarejos que vinham sendo controlados pelo grupo extremista Al-Shabaab, vinculado à Al-Qaeda. As informações são do site local Garowe.

“O Exército Nacional da Somália destruiu as bases do Al-Shabaab, incluindo os chamados tribunais e casas secretas, onde terroristas extorquem dinheiro de pessoas em Bulo-Arundi, Malable, Siigaale e Busley-Daud nas regiões de Lower Shabelle, na segunda-feira”, disseram os militares, segundo a mídia estatal somali.

Na terça-feira (22), as tropas teriam neutralizado cerca de 60 terroristas, de acordo com informações da agência estatal chinesa Xinhua. Sim citar nomes, Hassan Mohamed Osman, comandante das Danab, disse que entre os alvos estava um líder da facção jihadista, “responsável pelos insurgentes na região de Hiiraan”.

Soldados do exército da Somália em treinamento na Turquia (Foto: Wikimedia Commons)

A ação das tropas somalis ocorre em uma semana de intensa atividade extremista, em meio às eleições parlamentares que antecedem o pleito presidencial no país africano. O Al-Shabaab havia realizado uma série de ataques nos últimos dias, fazendo dezenas de vítimas, entre civis e figuras ligadas à política nacional.

No atentado mais recente do grupo, um ataque suicida a bomba matou ao menos 13 pessoas no sábado (19), na cidade de Beledweyne, a cerca de 340 quilômetros da capital nacional Mogadíscio. A ação ocorreu em um restaurante que estava cheio no momento da explosão, com funcionários do governo e políticos locais entre os clientes.

Por que isso importa?

O Al-Shabbab chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares. 

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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