Em Gana, Kamala Harris chega para estreitar laços e se mostra “animada com o futuro da África”

Vice de Biden viajou com a intenção de aprofundar os laços com o continente, em meio à crescente competição por influência com China e Rússia

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, chegou no domingo (26) em Gana, dando início à turnê que irá passar por três nações africanas, que tem como objetivo aprofundar as relações de Washington com a África em meio à competição global pelo futuro do continente. As informações são da agência Associated Press.

“Estamos ansiosos por esta viagem como mais uma declaração do longo e duradouro relacionamento e amizade muito importante entre o povo dos EUA e aqueles que vivem neste continente”, disse Kamala.

Ela foi recebida pelo vice-presidente do país, Mahamudu Bawumia, em meio a apresentações de música tradicional e aplausos de estudantes, dançarinos e percussionistas.

Kama Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, em abril de 2019 (Foto: Wikimedia Commons)

A vice de Joe Biden viajou com a missão de aprofundar os laços com o continente, em meio à crescente competição de outras potências globais, especialmente China e Rússia.

A presença de Moscou na África pode ser notada sobretudo no âmbito militar, com a atuação cada vez mais forte dos mercenários do Wagner Group em diversos países africanos, em parceiras firmadas com a suposta intenção de combater o extremismo islâmico.

É a China, porém, que merece maior atenção norte-americana. Através da Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), iniciativa implementada em 2013 pelo presidente Xi Jinping, Beijing investiu bilhões em energia, infraestrutura e outros projetos em nações africanas.

Kamala disse que quer promover o crescimento econômico e a segurança alimentar e saudou a chance de “testemunhar em primeira mão a extraordinária inovação e criatividade que está ocorrendo neste continente”.

Com uma população de 34 milhões de pessoas, Gana é uma das democracias mais estáveis ​​do continente, porém, enfrenta uma crise de dívida e uma inflação crescente que está elevando o custo de alimentos e outras necessidades.

Kamala é o membro de maior destaque do governo Biden a visitar a África este ano. A maioria dos eventos da vice-presidente em Gana se concentrará nos jovens, já que a população africana tem idade média de 19 anos. Ela ainda irá à Tanzânia e encerra a tour na Zâmbia no começo de abril.

Exercícios militares

Desde do dia 9, com vistas ao aumento da violência de grupos jihadistas na região do Sahel e a expansão das atividades terroristas do Estado Islâmico (EI) e da Al-Qaeda rumo a nações banhadas pelo Atlântico, um grupo de soldados africanos de 29 países participa de um exercício anual de  contraterrorismo liderado pelas forças norte-americanas em Gana e na Costa do Marfim. O Flintlock 2023 reúne mais de mil militares.

Flintlock ocorre em um momento de piora crescente nas relações entre Washington e Moscou por conta do conflito na Ucrânia. Há também o contexto da retirada das forças francesas do Mali e Burkina Faso, que fez Paris enfrentar uma raiva política na África Ocidental devido às suas políticas agressivas em relação à região, favorecendo as intenções do Kremlin no continente.

Isso porque tal sentimento anti-francês surgiu como uma oportunidade para a Rússia aproveitar a região, mostrando-se como uma alternativa viável de combate ao extremismo islâmico pelas mãos do Wagner Group. Por lá, enquanto a raiva contra o país liderado por Emmanuel Macron continuar fervendo, os mercenários liderados por Yevgeny Prigozhin encontrarão países dispostos a assinar acordos de segurança. 

O Mali, que passou por um golpe militar coordenado pelo coronel Assimi Goita, que derrubou o governo de transição recém-instituído e assumiu o comando do país, disse anteriormente que as forças russas que lá atuam não são formadas por mercenários, e sim “treinadores” que ajudam as tropas locais.

Tags: