França anuncia captura de líder do Estado Islâmico no Mali

Oumeya Ould Albakaye é apontado como uma importante figura do Estado Islâmico (EI) no país da na África Ocidental

A França anunciou nesta quarta-feira (15) que suas forças de contraterrorismo no Mali, que combatem rebeldes jihadistas na região do Sahel, capturaram Oumeya Ould Albakaye. O militante é considerado uma importante figura do Estado Islâmico (EI) no país da na África Ocidental. As informações são da agência Reuters.

De acordo com o Ministério das Forças Armadas francesas, Albakaye foi capturado por soldados da Operação Barkhane na madrugada do último domingo (12), perto da fronteira com Níger.

Exército francês realiza operação conjunta com forças do Níger no Sahel (Foto: Facebook/@armee2terre)

Principal aliado ocidental do Mali, a França marca presença militar no país há cerca de dez anos, período no qual foi determinante para acabar com o domínio de grupos extremistas sobretudo na região norte do país.

Desde o ano passado, porém, as forças armadas francesas iniciaram um processo de retirada do país, devido a um desacerto entre os governos francês e malinês. Uma das razões para a retirada francesa foi justamente o acordo com os mercenários russos do Wagner Group firmado pelo coronel Assimi Goita, que assumiu o poder no golpe de Estado de maio de 2021.

Por que isso importa?

A instabilidade no Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e extremistas tomaram o poder no norte do país. De quebra, a nação, independente desde 1960, viveu em maio de 2021 o terceiro golpe de Estado em um intervalo de apenas dez anos, seguindo o que já havia ocorrido em 2012 e também em 2020.

A mais recente turbulência política começou semanas antes do golpe, com a demissão do primeiro-ministro Moctar Ouane pelo presidente Bah Ndaw. Reconduzido ao cargo pouco depois, Ouane não conseguiu formar um novo governo, e a tensão aumentou com a falta de pagamento dos salários dos professores. O maior sindicato da categoria, então, começou a se preparar para uma greve.

Veio a noite do dia 24 de maio, quando o coronel Assimi Goita, vice-presidente do país, destituiu Ndaw e Ouane de seus cargos e ordenou a prisão de ambos na capital Bamako. Segundo ele, os dois líderes civis violaram a carta de transição ao não consultarem o militar na formação do novo governo.

Ao contrário do que ocorreu em golpes anteriores, que contaram com apoio popular, desta vez a maior parte da população malinesa rejeitou a tomada de poder por Goita, que derrubou o governo de transição recém-instituído e assumiu o comando do país. A população civil não foi às ruas protestar contra o militar, mas usou as redes sociais para mostrar sua insatisfação.

Militarmente, especialistas e políticos ocidentais enxergam uma geopolítica delicada na região, devido ao aumento constante da influência de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI) e à consequente explosão da violência nos confrontos entre extremistas e militares. Além disso, trata-se de uma posição importante para traficantes de armas e pessoas, e o processo em curso de redução das tropas franceses, que atuam no país desde 2013, tende a piorar a situação.

Os conflitos, antes concentrados no norte do país, se expandiram inclusive para os vizinhos Burkina Faso e Níger. A região central do Mali se tornou um dos pontos mais violentos de todo o Sahel africano, com frequentes assassinatos étnicos e ataques extremistas contra forças do governo.

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