Jihadistas matam 58 em Tillaberi, no Níger, epicentro da insurgência no Sahel

Assassinatos integram nova onda de violência de grupos armados na região fronteiriça entre Níger, Mali e Burkina Faso

Homens armados mataram 58 civis na região de Tillaberi, ao sudoeste do Níger, nesta terça (16). Os criminosos teriam interceptado um comboio que voltava de um mercado em vila próxima, na região considera epicentro da onda jihadista que tomou o Sahel Central, confirmou a Al-Jazeera.

Os assassinatos são parte de uma onda de ataques promovidos por grupos armados ligados ao EI (Estado Islâmico) e à Al-Qaeda na região da tríplice fronteira nigerina com o Mali e com Burkina Faso.

A violência aprofunda os desafios de segurança enfrentados pelo novo presidente do Níger, Mohamed Bazoum, eleito no final de fevereiro. Bazoum ocupa o lugar de Mahamadou Issoufou, à frente do país desde 2011, que deixou o poder após dois mandatos na primeira transição presidencial pacífica do país desde a independência da França, em 1960.

Ataque deixa 58 mortos na conflituosa região de Tillaberi, no Níger
Menina brinca do lado de fora de sua casa em aldeia do Níger, fevereiro de 2020 (Foto: Unicef/Juan Haro)

O ataque recente só não é maior que o assassinato de 100 civis, no último dia dia 2 de janeiro, em duas aldeias de Tillaberi. O episódio é tido como um dos mais mortais da história do país e guarda similaridades com o atentado desta terça-feira.

Militantes entraram nas comunidades de Chinagoder e Darey Dey após interceptar quatro veículos que transportavam pessoas para um mercado próximo. Os assassinatos começam imediatamente, com execuções seletivas de passageiros.

“Na aldeia de Darey Dey, mataram pessoas e queimaram celeiros”, disse o governo. Não há sequer reivindicação pelos massacres. É comum que os terroristas recrutem novos membros tirando vantagem da pobreza que acomete os habitantes da região. O Níger declarou luto oficial de três dias pelas recentes mortes de Tillaberi, disse a Reuters.

Crise mais ampla

Além de grupos ligados à Al-Qaeda e Estado Islâmico, outros insurgentes como o ISWAP (EI na Província da África Ocidental) e Boko Haram disputam domínio na fronteira sudoeste do Níger. A segurança é escassa: ataques de extremistas em Tillaberi mataram cerca de 89 militares só em janeiro.

A região com maior incidência de ataques é a que envolve a tríplice fronteira, onde vivem cerca de cinco mil habitantes. A disputa envolve os terroristas e investidas cada vez maiores de uma força-tarefa contraterrorismo do Exército francês. Os conflitos também reacenderam tensões intercomunitárias, em especial na fronteira entre o Mali e Níger.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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