Médicos estimam que imunidade coletiva ajudou controle da Covid no Senegal

Com redução de casos, especialistas estimam que 60% dos senegaleses já adquiriu imunidade ao novo coronavírus

Os poucos casos de Covid-19 e a rápida resposta do governo do Senegal certamente ajudaram no combate à proliferação do vírus no país. Mas médicos estimam que a “imunidade de rebanho” foi essencial para reduzir os contágios.

A imunidade coletiva “bloqueia” a cadeia de infecção por um vírus quando parte de uma população adquire resistência ao contágio, tanto por vacinas quanto por indivíduos recuperados.

De acordo com o portal queniano The East African e AFP, especialistas acreditam que a redução nos casos de Covid-19 mesmo em meio à quase extinção do uso de máscaras e distanciamento social no Senegal indica a eficácia da imunidade de rebanho no país.

O Senegal viveu dois momentos migratórios substanciais durante o ano – primeiro, o festival islâmico de Eid al-Adha, em julho, que move pessoas de todo o país para as suas cidades natais, em comemorações familiares.

Médicos estimam que imunidade coletiva ajudou no controle da Covid-19 no Senegal
Atendimento em saúde a mulheres do Senegal na cidade de Keur Massar, em outubro de 2020 (Foto: UN Photo/Twitter ONU Senegal)

Outro ritual religiosos, o Magal, em outubro, também reuniu peregrinos na segunda maior cidade do país, Touba. Em ambos os casos, as movimentações não resultaram em um efeito perceptível nas taxas de infecção, disseram as autoridades locais.

“Estamos cientes de que, na África em geral e no Senegal em particular, não temos as mortes que poderíamos ou deveríamos ter”, disse Massamba Sassoum Diop, chefe da organização SOS Medecins Senegal.

Para Diop, pelo menos 60% da população já adquiriu imunidade ao vírus. A estimativa é que a Covid-19 tenha se espalhado primeiro na população jovem do Senegal, entre março e agosto.

Segundo o médico, apenas 1% dos testes realizados no país têm resultados positivos hoje. Até agosto, a média era de 30% dos testes positivados.

Inquérito sorológico

De acordo com Diop, um estudo sorológico está em andamento para comprovar se a imunidade coletiva é, ou não, fator de relevância no combate à Covid-19 no país.

Reconhecido como um case de sucesso na pandemia, o Senegal fechou fronteiras, estimulou o uso de máscaras e distanciamento social e determinou toques de recolher desde o início do ano.

No levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, o país africano de 15,8 milhões de habitantes registra 15,9 mil casos confirmados. Até agora, são pouco mais de 330 mortes em decorrência da doença causada pelo vírus.

Mesmo com números baixos, a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta para a necessidade de cuidado constante no país. “Apesar desses dados, ainda trabalhamos sob hipóteses pessimistas”, disse o ministro da saúde do Senegal, Abdoulaye Diouf Sar.

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