Milícia da RD Congo é responsabilizada por mais um massacre em campo de deslocados

Algumas vítimas foram queimadas vivas dentro de suas casas, e outras foram mortas a golpes de facão por membros da Codeco

Um violento ataque realizado por homens armados deixou mais de 40 pessoas mortas em um campo de deslocados na província de Ituri, noroeste da República Democrática do Congo, nesta segunda-feira (12). As informações são da agência Al Jazeera.

Uma testemunha local, identificada como Richard Dheda, disse que a ação foi realizada por membros da milícia armada Codeco (Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo), que atua sobretudo em Ituri e é composta majoritariamente por pessoas da comunidade Lendu.

Soldados da ONU após ataque da Codeco na RD Congo, março de 2022 (Foto: Monusco/WikiCommons)

Segundo Dheda, aos menos 41 pessoas foram mortas na ação, algumas delas queimadas vivas dentro de suas casas, outras mortas a golpes de facão. Maki Lombe, que igualmente testemunhou o massacre e conseguiu escapar, também disse ter visto “mais de 40 corpos”.

O palco do ataque foi o campo para deslocados de Lala, localizado a cerca de cinco quilômetros de uma base das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no país africano.

A Codeco é uma das muitas milícias que operam no leste da RD Congo, região inserida em conflitos por terras e recursos naturais. Ituri, que é rica em ouro, sofre com a violência desde 2017, paralelamente à ascensão da Codeco.

Nos últimos meses, a milícia tem focado seus ataques em campos de deslocados, onde algumas pessoas se estabeleceram depois de fugirem de outros ataques do grupo. Os combatentes da milícia alegam proteger a comunidade agrícola Lendu em seu conflito com os pastores Hema.

Em fevereiro do ano passado, um dos episódios mais violentos ocorreu em um campo de deslocados no leste do país, com mais de 60 pessoas mortas. Na ocasião, testemunhas também relataram ter visto os agressores ateando fogo em residências.

Já em janeiro deste ano, soldados de paz da ONU encontraram valas comuns contendo 49 corpos no leste da RD Congo. Entre as vítimas havia mulheres e crianças, e a barbárie foi igualmente atribuída à Codeco.

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