Não há provas para prisão de ativista famoso por ‘Hotel Ruanda’, diz defesa

Prisão de Paul Rusesabagina veio a público quatro dias após detenção por autoridades ruandesas, denuncia HRW

A ordem de prisão do ativista Paul Rusesabagina, que inspirou o protagonista do filme ‘Hotel Ruanda’ (2004), foi dada sem qualquer prova, procedimento legal ou garantia, denunciou a organização de direitos humanos HRW (Human Rights Watch).

Crítico público ao governo do presidente Paul Kagame, Rusesabagina estava desaparecido em Dubai até que apareceu sob custódia de Ruanda. A família, contudo, diz que o ativista nunca voltaria para o país de forma voluntária.

Sua prisão veio a público no último dia 31 de agosto, mas há suspeita de que o ativista foi detido no dia 27. As acusações contra Rusesabagina envolvem suposta “liderança e financiamento de grupos terroristas“.

“Paul mencionou brevemente o embarque em um avião durante a ligação, mas estava tenso e interrompeu a discussão logo depois. Não temos ideia se era Paul falando livremente ou sob coação”, disse Brian Endless, parte da equipe internacional de defesa, à Associated Press.

A organização entende que Rusesabagina estava, na verdade, “desaparecido à força” – ou seja, perseguido e capturado antes da extradição a Ruanda.

Não há provas para prisão de ativista retratado em 'Hotel Ruanda', diz defesa
O ativista Paul Rusesabagina palestra na Universidade de Michigan (EUA) em março de 2014, durante o 20º aniversário do genocídio de Ruanda (Foto: Flickr/University of Michigan)

Não houve, no entanto, nenhum procedimento legal ou provas à sua prisão. “Optaram por contornar o Estado de Direito”, afirmou o diretor do grupo África Central, Lewis Mudge.

Na quinta (10), a Human Rights Watch solicitou que as autoridades ruandesas explicassem com urgência como Rusesabagina retornou a Ruanda.

Desde que foi preso, a equipe jurídica não consegue contato com o ativista. O governo ruandês também não permitiu o acesso de um advogado de sua escolha ou qualquer consulta confidencial desde a prisão.

O procurador-geral do país, Aimable Havugiyaremye, afirmou que Rusesabagina está sendo interrogado. As autoridades ainda não anunciaram a data do tribunal.

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