No Egito, ativistas de direitos humanos são presos por ‘terrorismo’

Perseguição a organizações críticas ao governo aumentou desde o início da presidência de Abdel Fatah al-Sisi, em 2014

O governo do Egito prendeu, na última semana, ao menos oito ativistas da principal organização de defesa dos direitos humanos no país, o Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais.

O grupo é acusado de terrorismo, apontou o jornal “The New York Times”. Entre os presos está o diretor da organização, Gasser Abdel-Razek, retirado de sua casa à força na quinta (19), no Cairo.

A Iniciativa pelos Direitos Pessoais se destaca por ser uma das poucas organizações restantes na defesa por liberdades fundamentais no Egito. A supressão sistemáticas das organizações pelos direitos humanos no país aumentou desde que o presidente Abdel Fattah al-Sisi subiu ao poder em 2014.

De acordo com o governo, o grupo é uma “organização terrorista” com o intuito de “espalhar informações falsas“. Os promotores incluíram os réus em um processo já em andamento contra ativistas, advogados e jornalistas.

No Egito, ativistas de direitos humanos são presos por 'terrorismo'
O diretor da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais, Gasser Abdel-Razek, em sua casa na capital do Egito, Cairo (Foto: Twitter/EIPR)

“Estas prisões em escala são parte de uma repressão contínua para intimidar os profissionais de direitos humanos e jurídicos, bem como ativistas sociais e políticos”, disse a organização em um comunicado.

As autoridades egípcias não detalharam a razão exata para as prisões e já há um movimento online para a libertação dos ativistas no Egito. Uma petição liderada pela cineasta Jessica Kelly, esposa do também preso Karim Ennarah, já soma mais de 70 mil assinaturas.

Diplomatas europeus e a ONU (Organização das Nações Unidas) já pedem ao governo egípcio a libertação imediata dos detidos.

Em resposta à declaração francesa de “profunda preocupação” com as prisões, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores egípcio, Ahmed Hafez, criticou qualquer apontamento como uma tentativa de “interferência” nos assuntos egípcios.

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