Novas valas comuns são encontradas na Líbia, revela investigação da ONU

Mais de 200 pessoas ainda estão desaparecidas em Tarhuna e arredores, de acordo com representante da ONU

Novas valas comuns foram descobertas em Tarhuna, na Líbia, durante uma investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas). A revelação foi feita nesta segunda-feira (4).

Mohamed Auajjar, presidente da missão independente de apuração de fatos sobre a Líbia, disse que uma cultura de impunidade ainda prevalece em todo o país devastado pela guerra, representando “um grande obstáculo” à reconciliação nacional, verdade e justiça para as vítimas e suas famílias.

No que diz respeito especificamente a Tarhuna, o relatório reuniu testemunhos e encontrou evidências de “perpetração generalizada e sistemática de desaparecimentos forçados, extermínio, assassinato, tortura e prisão como crimes contra a humanidade, cometidos pelas milícias Al Kani”.

O presidente da Missão observou que suas investigações identificaram “valas comuns não descobertas na cidade”, que fica a cerca de 65 quilômetros da capital, Trípoli, através do uso de tecnologia avançada. “Não sabemos quantos, agora precisam ser escavados. Mas houve centenas de pessoas que ainda não foram descobertas, que desapareceram”.

Mais de 200 pessoas ainda estão desaparecidas em Tarhuna e arredores, causando “angústia indescritível a suas famílias, que têm o direito de saber a verdade sobre o destino de seus entes queridos”, continuou Auajjar.

Porto da Líbia, em 2019 (Foto: Unicef/Alessio Romenzi)

Hoje, apesar do progresso recente significativo na tentativa de resolver as diferenças de longa data, o governo internacionalmente reconhecido em Trípoli ainda está em desacordo com uma administração rival e autoridade parlamentar no leste.

Mulheres e meninas

Mulheres e meninas não foram poupadas da espiral destrutiva da Líbia desde a derrubada do ex-presidente Muammar Gaddafi, em 2011.

Entre as muitas descobertas perturbadoras do relatório da missão está o fato de que, quando as mulheres se apresentaram para as eleições nacionais ainda a serem realizadas, elas se tornaram alvo de discriminação ou violência.

Algumas foram sequestrados, parte do padrão de desaparecimentos forçados que “continua inabalável ​​na Líbia”, disse Aujjar, apontando para a membro do Parlamento Sihem Sirgiwa, que foi sequestrada em 2019.

Discriminação e violência são uma característica da vida diária da maioria das mulheres e meninas na Líbia”, disse Aujjar. “De particular preocupação para a missão é que o fracasso da lei doméstica em fornecer proteção contra a violência sexual e de gênero é inerente e contribui para a impunidade de tais crimes”.

Apesar da bem-vinda criação de dois tribunais dedicados a julgar casos de violência contra mulheres e crianças, o especialista em direitos humanos alertou que as jovens enfrentam “execuções sumárias, detenções arbitrárias, violência sexual e de gênero e tortura”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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