OMS se divide em várias frentes para combater emergências em todo o mundo

Ebola em Uganda, cólera no Haiti, inundações no Paquistão e váriola dos macacos são os problemas mais graves enfrentados pela agência

A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a apoiar Uganda enquanto o governo responde a um surto mortal de Ebola, disse o chefe da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na quarta-feira (12), em sua entrevista coletiva semanal sobre os desafios da saúde global.

Até agora, 39 pessoas morreram, informou ele. No geral, houve 64 casos confirmados e 20 casos prováveis, enquanto 14 pessoas se recuperaram da doença. As autoridades estão realizando um acompanhamento ativo de mais de 660 contatos.

“Nosso foco principal agora é apoiar o governo de Uganda para controlar e conter rapidamente esse surto, para impedir que ele se espalhe para distritos e países vizinhos”, disse Tedros, falando em Genebra.

Homem recebe vacina ao Ebola na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, em janeiro de 2020 (Foto: Banco Mundial/Vincent Tremeau)

A OMS também está trabalhando com o Ministério da Saúde e parceiros no Haiti para coordenar a resposta ao surto de cólera na capital, Porto Príncipe, que surgiu no início deste mês. Dezesseis pessoas morreram e havia 224 casos suspeitos no último sábado (8), segundo as autoridades. Crianças menores de cinco anos representam um quarto dos casos suspeitos.

“A situação está evoluindo rapidamente e é possível que casos anteriores ou adicionais não tenham sido detectados”, disse Tedros a jornalistas.

As equipes estão trabalhando em áreas como vigilância, gestão de casos, água e saneamento, vacinação e envolvimento da comunidade.

Este último surto de cólera está ocorrendo em meio a uma crescente insegurança e uma crise econômica. No mês passado, gangues bloquearam o acesso ao principal terminal de combustível da capital, o que causou grande escassez de gás e combustível que também está afetando os serviços de saúde.

Tedros informou que a vigilância está sendo realizada em circunstâncias extremamente difíceis. “As áreas afetadas são muito inseguras e controladas por gangues, o que dificulta muito a coleta de amostras e atrasa a confirmação laboratorial de casos e óbitos”, disse.

Ele acrescentou: “Além disso, a escassez de combustível está dificultando o trabalho dos profissionais de saúde, fazendo com que as unidades de saúde fechem e interrompendo o acesso aos serviços de saúde para pessoas que vivem em algumas das comunidades mais carentes”.

Inundações no Paquistão

A OMS também apela por um maior apoio internacional ao Paquistão, na sequência das devastadoras inundações provocadas pelas chuvas das monções. Tedros lembrou seu recente alerta de que muito mais pessoas podem morrer de doenças do que do desastre.

“Há agora um surto de malária em 32 distritos, enquanto a incidência de cólera, dengue, sarampo e difteria também está aumentando nos distritos afetados pelas enchentes. Esperamos que a situação continue a piorar”, disse.

Varíola dos macacos

Sobre o surto global de varíola dos macacos, declarado uma emergência internacional de saúde pública pela OMS, 70 mil casos foram relatados, com 26 mortes.

Os casos continuam a diminuir, mas 21 países na semana passada relataram um aumento nos casos, principalmente nas Américas – que representaram quase 90% de todos os casos relatados nos últimos 7 dias.

“Mais uma vez, alertamos que um surto em declínio pode ser o surto mais perigoso, porque pode nos tentar a pensar que a crise acabou e baixar a guarda”, disse o chefe da OMS. “Não é isso que a OMS está fazendo. Continuamos trabalhando com países ao redor do mundo para aumentar sua capacidade de teste e monitorar as tendências do surto”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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