Peste bubônica agrava insegurança e pobreza de crianças na RD Congo

País notificou cerca de 500 casos da doença centenária e 20 mortes nos últimos 12 meses

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) está cada vez mais preocupado com o impacto do ressurgimento da peste bubônica na província oriental do Ituri, na República Democrática Congo. O maior foco de preocupação são as crianças, e foi iniciada uma campanha de erradicação de ratos e pulgas, vetores de transmissão.

A campanha inclui construção de casas mais resistentes aos roedores e insetos perigosos e inclui fornecimento de camas feitas de material local para crianças. Nova pesquisa do Unicef, em três áreas sanitárias do Ituri, destaca que crianças estão em risco de contrair a peste que reaparece pela primeira vez em mais de uma década.

O Unicef quer ajudar os pais impedindo que durmam no chão onde são expostos a picadas de pulgas. A ideia é assegurar que chefes de família e agricultores de subsistência possam viver num ambiente seguro e separado do alimento e do gado.

Mulher é vacinada contra Covid-19 na RD Congo: peste bubônica é mais um problema em tempos de pandemia (Foto: UNICEF/Arlette Bashizi)

A supervisora de campo da Cass (Célula Analítica de Ciências Sociais) do Unicef, Izzy Scott Moncrieff, diz que é preocupante o aparecimento de casos em áreas onde eles não foram registados por mais de 15 anos. Segundo ela, houve muitos mais casos em áreas com poucas ou quaisquer notificações.

A praga é transmitida em zonas rurais por pulgas carregadas por ratos selvagens em busca de comida nas aldeias. Então, as pulgas infetam animais domésticos e gados antes que a doença seja eventualmente transmitida aos humanos através de picadaa.

Transmissão transfronteiriça

Dados das áreas sanitárias de Biringi, Rethy e Aru, foco do estudo, assinalam 490 infeções entre 2020 e 2021 e 20 mortes.

Acredita-se que este último surto seja diferente do anterior porque tanto ele como a sua versão pneumônica mais infeciosa, transmitido de pessoa para pessoa através do ar, foram relatados em zonas anteriormente livres da doença, perto da fronteira com o Sudão do Sul e Uganda.

Deslocações frequentes de pessoas e insegurança na região criam um risco considerável de transmissão transfronteiriça. A praga tem o potencial de atingir particularmente as famílias mais pobres, vulneráveis a doenças como a malária e sem dinheiro para comprar mosquiteiros.

Embora cientes dos fatores agravantes da exposição a praga, pobreza, conflito e deslocamento, as comunidades não conseguem acionar medidas para protegerem-se a as crianças devido à falta de meios que obriga muitas pessoas a dormirem no chão e pobre gestão de lixo.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News 

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