Pobreza impede 68% da população da Guiné-Bissau de ter dieta nutritiva

Renda diária de uma família de sete membros é em média US$ 2,35, e a dieta nutritiva custa US$ 4

Novo estudo do OMA (Programa Mundial de Alimentos) revela que quase três quartos da população da Guiné-Bissau não tem acesso a uma dieta energética devido aos elevados níveis de pobreza. A renda diária de uma família de sete membros é em média US$ 2,35, e a dieta nutritiva custa US$ 4. Uma barreira que elimina mais de 68% da população.

A divulgação do relatório sobre a disponibilidade, acesso e custos de uma alimentação saudável contou com a parceria do Ministério da Saúde, reuniu líderes políticos e parceiros-chave e culminou com aprovação de um roteiro destinado a melhorar a situação nutricional no país.

O estudo recolheu dados primários sobre os preços dos alimentos e analisou as pesquisas do Sistema de Seguimento da Segurança Alimentar e Nutricional de 2019 e o do Agregado da Revisão da Fome Zero em Bissau, ajustando-os aos dados do índice de preços ao consumidor.

Segundo a avaliação, os atuais níveis de produção alimentar são insuficientes e podem ser melhorados através do aumento da fruta fresca, legumes, frutos secos e alimentos de origem animais.

Ilha de Bolama Bijagos, Bolama, Guiné-Bissau (Foto: Danilo Vaz/Wikimedia Commons)

O representante interino do PMA, Papa Fal, atribuiu o aumento dos preços de alimentos e combustíveis no mercado internacional ao conflito na Ucrânia e alertou sobre os riscos da monocultura do caju, em meio ao início da campanha de comercialização do produto.

“A economia do país depende em grande parte da monocultura do caju, porém ela apresenta riscos no que toca a deterioração dos meios de subsistência, devido a perda de rendimento de cerca de 60% da população que vive da agricultura”, disse Fal.

A frequência dos choques climáticos e o aumento das temperaturas constituem um sério risco ao cultivo do caju, principal produto de exportação do país, com mais de 200 mil toneladas em 2021.

O sistema alimentar da Guiné-Bissau carece de alimentos nutritivos acessíveis, sendo que 50% do arroz consumido é importado e quase todo o peixe é exportado, resultando numa disponibilidade limitada de alimentos ricos em nutrientes.

As adolescentes, mulheres grávidas e lactantes, que respondem por 40% do custo da dieta das famílias e com maiores necessidades nutricionais, não conseguem satisfazer estas necessidades devido ao custo elevado dos alimentos ricos em nutrientes.

“Existem oportunidades para aumentar a disponibilidade de alimentos nutritivos, diversificando a produção e desenvolvendo a indústria pesqueira. Igualmente, a soberania alimentar poderia ser reforçada através da melhoria dos rendimentos das culturas, reduzindo a dependência da importação do arroz”, afirmou o representante do PMA.

A pasta de amendoim, em quantidade média, seria não só uma boa solução para as crianças menores de cinco anos, vulneráveis ao atraso de crescimento e a deficiências em micronutrientes, mas também para reduzir o custo de uma dieta nutritiva em 20% ou 37%.

Entre as recomendações estão fortificar alimentos em casa como forma de cobrir 40% das necessidades em micronutrientes e melhoria na alimentação complementar, que apresenta baixos índices, através de mensagens de mudança de comportamento social.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

Tags: