Presidente interino do Mali diz que ‘está muito bem’ após tentativa de assassinato

Crime ocorreu durante celebração do Eid al-Adha, uma das principais do calendário muçulmano

O presidente interino do Mali, Assimi Goita, diz que “está muito bem” após sofrer uma tentativa de assassinato nesta terça-feira (20), de acordo com a emissora Voice of America (VOA)

“Isso faz parte de ser um líder, sempre há descontentes. Há pessoas que a qualquer momento podem querer causar instabilidade”, disse ele em pronunciamento na emissora estatal ORTM (Emissora de Radiodifusão e Televisão do Mali, da sigla em francês).

O crime ocorreu em uma mesquita em Bamaco, capital do país, durante evento em celebração do Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício, uma das principais datas do calendário muçulmano.

Após as orações, dois homens atacaram Goita, um deles portando uma faca. Um jornalista da Agência France Press (AFP) que testemunhou a cena diz que viu sangue, mas não soube precisar de quem era.

Em comunicado oficial, o governo relatou que “o autor foi imediatamente rendido por seguranças” e que “as investigações estão em andamento”.

O coronel Assimi Goita, após a criação do governo de transição em setembro de 2020 (Foto: Reprodução/Facebook/Vice-Président Assimi GOÏTA)

Turbulência política

O ataque se segue a meses de turbulência política no Mali, que sofreu dois golpes de Estado em nove meses. Ao contrário do que ocorreu em golpes anteriores, que contaram com apoio popular, agora a maior parte da população rejeita a tomada de poder por Goita, que derrubou o governo de transição recém-instituído e assumiu o comando do país.

Um cenário bastante diferente daquele dos golpes anteriores, em 2020, 2012, 1991 e 1968, quando a tomada de poder foi recebida com entusiasmo e comemoração nas ruas.

A efervescência começou semanas antes do mais recente golpe, com a demissão do primeiro-ministro Moctar Ouane pelo presidente Bah Ndaw. Reconduzido ao cargo pouco depois, Ouane não conseguiu formar um novo governo, e a tensão aumentou com a falta de pagamento dos salários dos professores. O maior sindicato da categoria, então, começou a se preparar para uma greve.

Veio a noite do dia 24 de maio, quando Goita, então vice-presidente do país, destituiu Ndaw e Ouane de seus cargos e ordenou a prisão de ambos na capital Bamako. Segundo ele, os dois líderes civis violaram a carta de transição ao não consultarem o militar na formação do novo governo.

Some-se a isso as denúncias de corrupção que nunca cessaram, mesmo com a derrubada do presidente anterior Ibrahim Boubacar Keita, no golpe de agosto de 2020.


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