A Zâmbia, na África Oriental, alertou seus credores estrangeiros que só poderá voltar a pagar os juros de sua dívida externa apenas a partir de 2021.
A situação caminha para o primeiro default africano a credores privados desde o início da pandemia, informou o jornal “Financial Times”.
Na terça (22), o presidente Edgar Lungu disse que buscava a suspensão do pagamento por seis meses a partir de outubro. A Zâmbia deve US$ 11 bilhões em títulos negociados com o exterior – a maior parte para a China.
Lungu agendou uma teleconferência para explicar a situação aos credores na próxima terça (29). O pagamento dos juros só será adiado se dois terços dos detentores dos títulos consentirem com a mudança.
O país entrou no mercado global em 2012. Com uma economia em rápida ascensão, o país conseguia empréstimos mais baratos que a Espanha, tomada pela crise.
De 2016 em diante, no entanto, o segundo país com a maior produção de cobre no mundo passou a ter dificuldades para arcar com os débitos. Neste ano, a pandemia causou o colapso de seu sistema financeiro.
De acordo com Kevin Daly, gestor de uma das credoras da Zâmbia, os investidores esperam a paralisação do pagamento desde abril. No início do segundo trimestre, o governo já chamava assessores para auxiliar no planejamento da reestruturação da dívida. “Não é inesperado”, disse.
A raiz do problema, segundo Lungu, está na queda de receitas e no aumento dos custos não orçados pela pandemia. Como consequência, pagamentos foram paralisados. O país já confirmou cerca de 14,2 mil casos e 331 mortes pelo coronavírus até esta quarta-feira (23).