Zâmbia é primeira na África a dar calote na dívida externa após pandemia

Presidente Edgar Lungu negocia suspensão do pagamento de juros por seis meses; Zâmbia deve US$ 11 bilhões

A Zâmbia, na África Oriental, alertou seus credores estrangeiros que só poderá voltar a pagar os juros de sua dívida externa apenas a partir de 2021.

A situação caminha para o primeiro default africano a credores privados desde o início da pandemia, informou o jornal “Financial Times”.

Na terça (22), o presidente Edgar Lungu disse que buscava a suspensão do pagamento por seis meses a partir de outubro. A Zâmbia deve US$ 11 bilhões em títulos negociados com o exterior – a maior parte para a China.

Lungu agendou uma teleconferência para explicar a situação aos credores na próxima terça (29). O pagamento dos juros só será adiado se dois terços dos detentores dos títulos consentirem com a mudança.

Zâmbia é 1º na África a frear pagamento de dívida externa até pós-pandemia
Com crise ampliada pela pandemia, entidades de Zâmbia auxiliam moradores vulneráveis da capital, Lusaka, em agosto de 2020 (Foto: Flickr/Ramakrishna Math Mission)

O país entrou no mercado global em 2012. Com uma economia em rápida ascensão, o país conseguia empréstimos mais baratos que a Espanha, tomada pela crise.

De 2016 em diante, no entanto, o segundo país com a maior produção de cobre no mundo passou a ter dificuldades para arcar com os débitos. Neste ano, a pandemia causou o colapso de seu sistema financeiro.

De acordo com Kevin Daly, gestor de uma das credoras da Zâmbia, os investidores esperam a paralisação do pagamento desde abril. No início do segundo trimestre, o governo já chamava assessores para auxiliar no planejamento da reestruturação da dívida. “Não é inesperado”, disse.

A raiz do problema, segundo Lungu, está na queda de receitas e no aumento dos custos não orçados pela pandemia. Como consequência, pagamentos foram paralisados. O país já confirmou cerca de 14,2 mil casos e 331 mortes pelo coronavírus até esta quarta-feira (23).

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