50% dos latino-americanos com HIV tem dificuldade de acesso ao antirretroviral

OMS recomenda que pacientes tenham estoque para três meses do medicamento, muitos só têm para 30 dias

Metade das pessoas que vivem com HIV na América Latina estão enfrentando dificuldades de obter o tratamento antirretroviral por conta da pandemia, segundo pesquisa da ONU divulgada nesta quarta (24).

De acordo com o levantamento, feito em 28 países da região, duas a cada dez pessoas receberam os medicamentos em casa.

Apesar da recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que as pessoas que vivem com HIV tenham suprimento médico para pelo menos três meses, muitos latino-americanos não tem antirretroviral para um mês.

Cerca de 30% dos entrevistados afirmam não ter informações suficientes sobre como prevenir a transmissão da Covid-19. A doença pode ser ainda mais grave para quem tem o HIV, já que o sistema imunológico se torna mais frágil para se defender de infecções.

Metade dos latino-americanos com HIV tem dificuldade de acesso ao antirretroviral
Paciente com HIV em Dili, no Timor Leste (Foto: Martine Perret/UN Photo)

Apoio psicológico

A pesquisa da ONU aponta ainda que quatro em cada dez pessoas vivendo com HIV na América Latina dizem precisar de apoio psicológico para lidar com a ansiedade relacionada à pandemia do coronavírus.

O estigma e a discriminação continuam a impor desafios para que pessoas com HIV tenham pleno acesso aos seus direitos. Dos entrevistados, 56% acreditam que podem sofrer violência física, psicológica ou verbal durante a crise de saúde global.

Além disso, 40% disseram não saber para onde ir ou para quem telefonar caso sofram violência ou discriminação. Três a cada dez pessoas com HIV preferiram não procurar alguns serviços com medo de serem hostilizadas.

Mortes

Mortes por HIV, malária e tuberculose podem aumentar devido à pandemia do Covid-19causa da sobrecarga nos sistemas de saúde, de acordo com a Unaids, programa da ONU de combate à AIDS.

Além disso, as medidas impostas para conter a disseminação do vírus pode impedir o funcionamento de programas de tratamento e prevenção para outras doenças.

Por ano, 2,4 milhões de pessoas morrem por causa do HIV, malária e tuberculose. Para a Unaids, a pandemia pode prejudicar os ganhos obtidos em relação ao combate a essas doenças nas últimas décadas.

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