Argentina quer condições ‘mais flexíveis’ no FMI para pagar dívida, diz Fernández

Presidente adiantou que ministro irá a Washington no fim do mês para negociar novas datas de pagamento com Fundo

Em entrevista ao jornal “Página 12”, no domingo (7), o presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou esperar que o FMI (Fundo Monetário Internacional) conceda condições “mais flexíveis” para o pagamento de sua dívida.

Fernández adiantou que o ministro da Economia, Martín Guzmán, viajará a Washington (EUA) no final de fevereiro para negociar novos vencimentos das parcelas de empréstimos feitos com o Fundo. A meta é ter flexibilidade para “lidar com os problemas internos“, disse.

A negociação de Buenos Aires com o FMI já dura meses. O país latino-americano tenta reestruturar um empréstimo de US$ 57 bilhões, feito pelo antecessor de Fernández, Mauricio Macri, em 2018.

Argentina espera condições 'mais flexíveis' de reembolso da dívida, diz Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, em apresentação de projeto na capital Buenos Aires, em setembro de 2020 (Foto: Casa Rosada/Divulgação)

Além da dívida, a Argentina tem outros problemas macroeconômicos: a inflação anual pode chegar a 50% em 2021, após 36,1% em 2020. O presidente alertou que a escalada inflacionária pode levar a novos aumentos nas taxas de exportação.

O objetivo de uma política do tipo é gerar incentivos para que os produtos permaneçam no país, em tese aumentando sua oferta e mantendo os preços sob controle.

Para Fernández, Buenos Aires tem duas possibilidades para segurar as exportações. A primeira seria o aumento de impostos sobre commodities agrícolas, principal produto nacional, enquanto a segunda imporia novas cotas para que exportadores escoem sua mercadoria.

“Digo publicamente que não posso deixar que isso continue, porque o risco é que, com a pandemia, os preços desses produtos continuem subindo e não consigamos aguentar”, afirma o presidente argentino.

A mais recente recessão na Argentina, terceiro maior país da América Latina, começou em 2018 após uma década de crescimento estagnado. Com a pandemia, houve também aumento da pobreza, de 35% em 2019 para 40%, e do desemprego, que cresceu cinco pontos percentuais em 12 meses e em dezembro de 2020 era de 11,7%.

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