Aumento da força de trabalho é um desafio a ser superado na América Latina

Cepal diz que é preciso encontrar meios de absorver a maior porcentagem da população no mercado profissional até 2050

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Em 2023, a população da América Latina chegou a 652 milhões de pessoas. Desse total, 331 milhões fazem parte da força de trabalho, representando 50,8% da população total da região, de acordo com novo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Examinando a dinâmica demográfica da América Latina e seu impacto sobre a força de trabalho, o documento destaca que o declínio da taxa de crescimento populacional levará a região a atingir uma população de 737 milhões de habitantes em 2050, com uma força de trabalho de 402,7 milhões de pessoas, o que representa 54,6% do total da população regional.

Produtividade e crescimento econômico

Assim, o secretário executivo da comissão econômica avaliou que a absorção da força de trabalho adicional continuará sendo um grande desafio para os mercados da região. 

O chefe da Cepal acrescentou que a América Latina e o Caribe precisam aumentar a produtividade, aumentar o crescimento econômico e criar mais e melhores empregos para absorver uma força de trabalho maior com uma estrutura etária diferente.

A região tem mais mulheres e pessoas mais velhas no mercado de trabalho, bem como trabalhadores ativos por mais anos, especialmente nas áreas urbanas. Para Salazar-Xirinachs, são necessárias políticas públicas específicas para apoiar um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável. 

Vista da cidade de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil (Foto: Wikimedia Commons)
Cidade de São Paulo: absorver a mão de obra disponível é um desafio (Foto: Wikimedia Commons)
Mudança demográfica

Segundo a Cepal, o relatório confirma que a dinâmica demográfica da América Latina mudou radicalmente. Nos últimos 70 anos, a região passou por transformações sem precedentes, caracterizadas por um rápido declínio da fertilidade e da mortalidade, evidenciadas por mudanças na estrutura etária da população, com os grupos de jovens e adultos se tornando a maioria da população.

Atualmente, de acordo com o relatório, na maioria dos países latino-americanos, os grupos etários com a maior porcentagem de membros são os jovens adultos, o que pode gerar maior pressão sobre os mercados de trabalho. 

Além disso, o relatório destaca que em 2050 o crescimento da força de trabalho será maior do que o crescimento da população e a absorção de mão de obra adicional continuará a ser um grande desafio para os mercados de trabalho da região.

Crescimento

A análise destaca que as mudanças estruturais na força de trabalho entre 1980 e 2022, e suas projeções para 2050, apresentam cenários radicalmente diferentes de acordo com grupos de idade e sexo, bem como áreas urbanas e rurais, o que tem implicações para as políticas públicas de trabalho, educação, saúde e assistência.

Na década de 2000 a 2010, a força de trabalho da América Latina cresceu, em média, cerca de 5,6 milhões de pessoas por ano. Nos anos seguintes, estima-se um crescimento médio anual de 4,5 milhões de pessoas. 

Para a próxima década, entre 2022 e 2032, projeta-se um crescimento de 3,9 milhões de pessoas. Entre 2040 e 2050, o aumento médio anual deve ser de 1,5 milhão de pessoas.

O Observatório Demográfico também revela que, se as condições históricas continuarem, até 2050 a força de trabalho feminina na faixa etária de 25 a 64 anos continuará a aumentar, atingindo cerca de 73% da faixa etária. Entretanto, esse número será quase 20% menor do que o dos homens.

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