A fome atingiu 47,7 milhões de pessoas na América Latina e Caribe em 2019, quinto ano consecutivo de aumento na região. No mundo, são 690 milhões de pessoas sem comida suficiente.
Segundo relatório divulgado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) nesta segunda (13), a América Latina é a região onde a insegurança alimentar cresce mais rapidamente, de 22,9% em 2014 para 31,7% da população cinco anos depois
Desde 2015, o número já aumentou em nove milhões de pessoas. O dado da FAO ainda não inclui o impacto causado pela pandemia do novo coronavírus.
Até 2030, a previsão é de que 67 milhões sejam atingidos pela fome, impedindo a meta dos países latino-americanos de atingir fome zero em dez anos.
Só na América Central, até 2030, a fome deve aumentar em 7,9 milhões de pessoas. Em dez anos, a fome afetará mais 6,6 milhões de pessoas no Caribe. Para a América do Sul, a estimativa é de um aumento de 36 milhões de pessoas.
O cenário para os países sul-americanos é influenciado sobretudo pela situação da Venezuela, onde 31,4% da população é afetada pela insegurança alimentar. Entre 2010 e 2012, o índice era de apenas 2,5%.
Dietas saudáveis
Um dos pontos mais destacados pelo relatório é o alto custo de uma dieta saudável. A pobreza força as pessoas a recorrerem a alimentos mais baratos, ultraprocessados, quase sempre prejudiciais à saúde.
De acordo com a FAO, em todo o mundo há cerca de 3 bilhões de pessoas sem condições de terem uma dieta equilibrada. A entidade aponta que comer bem custa cinco vezes mais do que apenas “encher a barriga”.
Em geral baseada em carboidratos, essas dietas baratas mas pouco balanceadas levaram a um forte aumento da obesidade. Como consequência, cresceram também as doenças não transmissíveis, como diabetes e cardiopatias.
Na América Latina e Caribe, 7,5% das crianças menores de 5 anos estão acima do peso. Já a média mundial é de 5,6%.
Impacto econômico
A má nutrição gera ainda custo elevado aos orçamentos nacionais, já que demanda recursos no enfrentamento das doenças crônicas resultantes de dietas ruins, como a diabetes.
Essas despesas devem superar US$ 1,3 bilhão por ano até 2030, segundo a FAO. As emissões de gases de efeito estufa, também associados a maus hábitos alimentares, como o consumo excessivo de proteína animal, custarão outros US$ 1,6 bilhão por ano.
A agência da ONU estima que a adoção de dietas saudáveis pode reduzir até 97% dos custos diretos e indiretos de saúde e entre 41% e 47% de custos das emissões de gases de efeito estufa em um período de dez anos.