Chefes do FBI e do MI5 alertam para a ameaça da espionagem chinesa

Christopher Wray e Ken McCallum abordam a ameaça representada por Beijing e por que as parcerias são cruciais para combatê-la

A China representa uma ameaça econômica e está tentando roubar a propriedade intelectual e influenciar a política ocidental. Essa é uma preocupação em comum de autoridades dos serviços de segurança dos EUA e do Reino Unido, manifestada durante uma reunião inédita na sede do MI5 em Londres nesta quarta-feira (6), que também contou com empresários e estudiosos para discutir a questão. As informações são da rede CNN.

Durante o encontro, o diretor do FBI, Christopher Wray, e o diretor-geral do MI5, Ken McCallum, destacaram os esforços somados pelas duas agências para enfrentar o que eles alegam ser “o desafio mais sério” envolvendo espionagem e hackers financiados pelo governo chinês.

O diretor-geral do MI5 Ken McCallum e o diretor do FBI Christopher Wray durante a reunião em Londres nesta quarta (Foto: FBI/Reprodução Twitter)

Segundo Wray, que acusa os chineses de roubo de tecnologia, Beijing também está se preparando para blindar sua economia de sanções que possam potencialmente atingir o país numa eventual tomada de poder em Taiwan. E está fazendo o dever de casa ao acompanhar as represálias do Ocidente a Moscou após a invasão na Ucrânia.

“Vimos a China procurando maneiras de isolar sua economia contra possíveis sanções, tentando se proteger de danos se fizerem algo para atrair a ira da comunidade internacional”, disse Wray. “Em nosso mundo, chamamos esse tipo de comportamento de pista”.

Sobre a turbulenta questão que envolve o território semiautônomo, o chefe do Departamento Federal de Investigação americano disse Beijing tem Taiwan como “uma província”. A agência Reuters repercutiu a fala de Wray. “A China pode tentar tomá-la à força e, se isso acontecer, representaria uma das mais horríveis interrupções nos negócios que o mundo já viu”.

McCallum observou que a pujança econômica chinesa e uma maior aproximação ao Ocidente não resultou em uma melhora democrática no país, como era previsto.

“A suposição generalizada de que a crescente prosperidade na China e o aumento da conectividade com o Ocidente levariam automaticamente a uma maior liberdade política, temo, se mostrou totalmente errada”, disse o diretor do MI5, que acrescentou: “Mas o Partido Comunista Chinês está interessado em nossos sistemas democráticos, midiáticos e legais. Não em imitá-los, infelizmente, mas em usá-los para seu ganho”.

Trabalhos investigativos recentes do FBI sobre a atividade de inteligência chinesa foram citados por Wray, incluindo uma operação que visava atingir o chinês naturalizado americano Yan Xiong, um ex-líder estudantil presente nos protestos da Praça da Paz Celestial em 1989 e candidato ao Congresso dos EUA em Nova York.

Outra informação curiosa trazida pelo diretor foi o flagrante dado em pessoas trabalhando para empresas chinesas em áreas rurais dos EUA que tentavam desenterrar campos para obter sementes geneticamente modificadas.

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