Em ataque à Microsoft, hackers chineses extraíram 60 mil e-mails do governo dos EUA

Indícios sugerem que o ataque foi direcionado, pois as vítimas atuam em setores de especial interesse do governo da China

Um ciberataque aos servidores da Microsoft realizado neste ano permitiu que hackers chineses extraíssem cerca de 60 mil e-mails de dez contas do Departamento de Estado norte-americano. A informação foi confirmada por um funcionário do Senado dos EUA à reportagem da agência Reuters.

A ação digital maliciosa passou a ser investigado no dia 16 de junho, a partir de informações reveladas à Microsoft por seus clientes. Entretanto, as evidências indicam que elas ocorriam ao menos desde o dia 15 de maio.

A fonte diz que obteve as informações durante reunião com a equipe de TI (tecnologia da informação) do Departamento de Estado. Os indícios coletados até agora sugerem que foi um ataque direcionado, vez que as mensagens roubadas estão relacionadas a temas de especial interesse da China.

Hackers chineses invadiram sistema do Departamento de Estado (Foto: Kevin Ku/Unsplash)

Nove das dez contas invadidas pertencem a funcionários do governo norte-americano que atuam no Leste da Ásia e no Pacífico, regiões onde Washington e Beijing travam atualmente uma intensa disputa por influência. A décima vítima atua na Europa.

Os hackers, batizados de Storm-0558, teriam aproveitado uma vulnerabilidade de segurança nos sistemas da Microsoft para acessar contas de e-mails de diversas entidades ocidentais e clientes delas, não apenas do Departamento de Estado.

Embora confirmem que os hackers são baseados no território chinês, a empresa de tecnologia e o órgão governamental norte-americano não fizeram menção direta ao governo chinês.

Porém, parlamentares dos EUA acusaram Beijing. “O Comitê de Inteligência do Senado está monitorando de perto o que parece ser uma violação significativa de segurança cibernética por parte da inteligência chinesa”, disse em julho o presidente do Comitê, Mark Warner, à rede Voice of America (VOA).

Ciberataques intensificados

Relatório da empresa de segurança cibernética Proofpoint divulgado em setembro aponta que a atividade de cibercriminosos chineses aumentou consideravelmente em 2023, a ponto de eles já rivalizarem com os russos, os mais atuantes do mundo.

Os pesquisadores identificaram um aumento na disseminação de malware em chinês neste ano, o que indica o surgimento de uma nova tendência no setor de segurança digital.

Segundo o documento, a atividade intensa dos hackers em 2023 “pode desafiar o domínio que o mercado de crimes cibernéticos de língua russa tem no cenário”, embora os cibercriminosos a serviço de Moscou continuem a ser os mais ativos do mundo.

A ação dos chineses consiste em enviar um software malicioso, o Trojan, por e-mail. O destinatário é levado a acreditar que a mensagem é autêntica e, ao abrir um anexo, permite que os hackers acessem o sistema do usuário, extraindo dados ou executando outras ações danosas.

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