Estados Unidos aconselham seus cidadãos a deixarem Belarus ‘imediatamente’

Aliança do governo local com Moscou e presença do Wagner Group ampliam o risco de o país se envolver ativamente na guerra da Ucrânia

A embaixada dos Estados Unidos em Belarus divulgou na segunda-feira (21) um comunicado recomendando a seus cidadãos que deixem o país europeu “imediatamente”. E, àqueles que eventualmente tenham planos de viajar para lá, que evitem fazê-lo.

Washington citou como argumentos “a facilitação contínua das autoridades belarussas ao ataque não provocado da Rússia à Ucrânia, o acúmulo de forças militares russas em Belarus, a aplicação arbitrária das leis locais, o potencial de agitação civil, o risco de detenção e a limitação da capacidade da embaixada de ajudar os cidadãos dos EUA que residem ou viajam para Belarus.”

Na semana passada, a Lituânia tomou atitude semelhante e fechou parcialmente dois dos seis pontos de fronteira com Belarus, sob o argumento de “ameaças à segurança nacional.” Entretanto, as passagens fechadas não são usadas por turistas.

Paralelamente, Vilnius passou a aconselhar seus cidadãos a evitarem viajar para Belarus. Foram inclusive colocadas placas com uma mensagem de alerta nos pontos usados por turistas: “Não arrisque sua segurança. Não viaje para Belarus. Você pode não conseguir voltar.”

Embaixada dos Estados Unidos em Minsk, Belarus, agosto de 2019 (Foto: WikiCommons)

A embaixada dos EUA citou a decisão de Vilnius, orientando os norte-americanos a usarem as passagens restantes para deixarem Belarus rumo à Lituânia, ou então para cruzarem a fronteira com destino à Letônia caso queiram deixar o solo belarusso.

“Cidadãos dos EUA não têm permissão para entrar na Polônia por terra vindos de Belarus. Não viaje para a Rússia ou para a Ucrânia”, diz ainda o texto.

A atenção das nações ocidentais, sob a liderança dos EUA, com Belarus aumentou desde que combatentes do Wagner Group se dirigiram ao país, parte do acordo firmado pelo presidente belarusso Alexander Lukashenko com o homólogo russo Vladimir Putin que encerrou o motim de junho na Rússia.

Segundo estimativa divulgada no final de junho pelo grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun, há entre 3.450 e 3.650 mercenários em Belarus. A presença deles amplia a expectativa pelo envolvimento direto do país na guerra ou mesmo por uma eventual agressão à Polônia.

Lukashenko chegou a fazer uma ameaça velada ao vizinho durante reunião com Putin, dizendo que os combatentes pediram para “fazer uma excursão a Varsóvia, a Rzeszow”, citando cidades polonesas. Mais tarde, entretanto, ele afirmou que a declaração não foi séria, apenas uma forma de manifestar apoio aos mercenários devido às baixas do Wagner na guerra da Ucrânia.

A aliança entre Belarus e Rússia é anterior à invasão da Ucrânia, mas se fortaleceu com a guerra. O país comandado por Lukashenko permitiu que Moscou, sob o governo do aliado Putin, acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.

A situação tem levado governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus em inúmeras sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.

Em 25 de maio, a tensão aumentou quando Moscou e Minsk assinaram acordos permitindo a implantação de armas nucleares táticas russas no território de Belarus. Foi a primeira vez desde o colapso da antiga União Soviética que ogivas nucleares foram realocadas para fora da Rússia.

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