Lituânia alega ‘ameaças à segurança’ e fecha parcialmente a fronteira com Belarus

Países vizinhos estão em alerta desde que o governo belarusso aceitou receber combatentes do Wagner Group, da Rússia

Conforme aumenta a preocupação na vizinhança com a presença de combatentes do Wagner Group no território belarusso, o governo da Lituânia anunciou o fechamento parcial da fronteira com Belarus. Dois dos seis pontos de travessia deixaram de funcionar, nenhum deles usado para o trânsito de turistas. As informações são da agência Al Jazeera.

“Esta decisão é uma das medidas preventivas para conter ameaças à segurança nacional e possíveis provocações na fronteira”, disse a ministra do Interior da Lituânia, Agne Bilotaite.

Paralelamente, Vilnius passou a aconselhar seus cidadãos a evitarem viajar para Belarus. Foram inclusive colocadas placas com uma mensagem de alerta nos pontos usados por turistas: “Não arrisque sua segurança. Não viaje para Belarus. Você pode não conseguir voltar”.

Minsk reagiu e condenou as ações lituanas. “A Lituânia, ao tomar tais decisões, propositadamente e deliberadamente cria barreiras artificiais na fronteira para servir às suas ambições políticas”, disse a força de fronteira belarussa

Belarus ainda classificou como “medida hostil” o fechamento dos dois pontos de fronteira e disse que isso criará enormes filas nas outras posições de travessia entre os países.

Carros cruzam a fronteira entre Lituânia e Belarus, janeiro de 2016 (Foto: Petr Magera/WikiCommons)
Ameaça na fronteira

Embora os mercenários russos não tenham sido citados nominalmente, eles estão diretamente ligados às recentes medidas, que surgem em meio à crescente tensão entre Belarus e seus vizinhos membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Nos últimos meses, Belarus recebeu membros do Wagner Group que deixaram a Rússia após o fracassado motim realizado pelo grupo. Junto da Lituânia, Polônia e Letônia, igualmente integrantes da Otan, vnham debatendo a possibilidade de echamento total das fronteiras com o território belarusso, único acesso do país à União Europeia (UE).

A situação é especialmente tensa com a Polônia, um dos principais apoiadores da Ucrânia na guerra contra a Rússia. Belarus, por sua vez, é antigo aliado de Moscou, tendo inclusive fornecido seu território para a passagem das tropas russas que invadiram o território ucraniano no dia 24 de fevereiro de 2022.

Segundo estimativa divulgada no final de junho pelo grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun, há entre 3.450 e 3.650 mercenários em Belarus.

O presidente belarusso Alexander Lukashenko chegou a fazer uma ameaça velada à Polônia durante reunião com o homólogo russo Vladimir Putin, em São Petesburgo. O ditador de Belarus disse que os combatentes pediram para “fazer uma excursão a Varsóvia, a Rzeszow”, citando cidades polonesas.

Mais tarde, entretanto, Lukashenko afirmou que a declaração dada no encontro com Putin, sobre a “excursão” à Polônia, foi apenas brincadeira, uma forma de ele manifestar apoio aos mercenários devido às baixas do Wagner na guerra da Ucrânia.

De toda forma, a Polônia anunciou um aumento significativo no envio de tropas para sua fronteira, passando de dois mil para dez mil soldados. Segundo Mariusz Blaszczak, ministro da Defesa polonês, quatro mil soldados serão diretamente envolvidos no apoio à Guarda de Fronteira, enquanto seis mil permanecerão na reserva, realizando treinamentos na área.

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