Ex-piloto dos EUA enfrenta batalha contra extradição por treinar militares chineses

Destino do "Top Gun" Daniel Edmund Duggan, detido na Austrália, continua incerto após acusação de treinamento chinês

Desde outubro do ano passado, Daniel Edmund Duggan, um ex-piloto da força aérea dos EUA de 54 anos, encontra-se detido em uma penitenciária de segurança máxima na Austrália. Suspeito de atuar como instrutor das forças armadas da China, ele era alvo de um mandado de prisão internacional, com pedido de extradição emitido pela Justiça norte-americana com base em acusações de conspiração, tráfico de armas e lavagem de dinheiro. As informações são da rede CNN.

Agora, seus advogados estão empenhados em combater a ordem de extradição aprovada pelo procurador-geral da Austrália, que visa devolvê-lo ao seu país natal para enfrentar julgamento. Entre as acusações também está incluída conspiração para exportar serviços de defesa norte-americanos.

Em outubro de 2022, Duggan foi preso após ser acusado pelo governo dos EUA de tráfico de armas, por fornecer treinamento militar a pilotos chineses na África do Sul entre 2010 e 2012, e de lavagem de dinheiro enquanto era cidadão americano. Apesar das acusações, o pai de seis filhos negou veementemente as alegações.

Treinamento em jato-caça F-35, da fabricante Lockheed Martin, pela força aérea dos EUA, em maio de 2019 (Foto: Public Domain/Robert Sullivan)

Atualmente detido no Lithgow Correctional Center, uma prisão australiana de segurança máxima, Duggan refutou as acusações, afirmando que era apenas um funcionário da academia de aviação sul-africana. Segundo ele, esse trabalho incluía treinar pilotos de teste civis chineses, mas nenhum treinamento ilegal, como decolagens e pousos de porta-aviões, foi realizado.

Ao longo dos últimos 277 dias, Duggan esta sob custódia enquanto aguarda o desenrolar do processo judicial em sua luta contra a extradição.

Nesta terça-feira, os advogados do ex-piloto solicitaram a suspensão de sua extradição, alegando que o Gabinete do Inspetor-Geral de Inteligência e Segurança (IGIS, da sigla em inglês) da Austrália está conduzindo uma investigação sobre alegações de ação imprópria por parte da Organização Australiana de Inteligência de Segurança (ASIO). Entre essas afirmações está o fato de que Duggan teria sido “atraído” da China, onde residia, para a Austrália, onde os EUA poderiam legalmente prendê-lo.

Do cárcere, Duggan desabafou à rede Australian Broadcasting Corporation (ABC), descrevendo sua situação como um “pesadelo”. De forma enfática, ele rejeitou completamente as acusações feitas contra ele.

Pressão

A equipe jurídica de Duggan já informou à mídia que ele está passando por uma enorme pressão mental e emocional atrás das grades. Ele também está constantemente preocupado com sua família, o temor de não receber um julgamento justo nos EUA e a incerteza sobre sua segurança caso seja extraditado para lá.

Sua esposa e apoiadores afirmam que a extradição representa um processo arbitrário, impulsionado pelas crescentes tensões geopolíticas entre os EUA e a China. “Estamos horrorizados que algo assim possa acontecer, não apenas conosco, mas com qualquer pessoa”, desabafou Saffrine Duggan aos seus apoiadores.

Porém, Duggan afirmou à ABC que nenhum dos treinamentos incluía divulgação de informações secretas ou proprietárias. Ele enfatizou que todo o conteúdo era de domínio público, informações de código aberto que qualquer pessoa interessada poderia pesquisar no Google ou na Wikipedia.

Duggan admite ter treinado pilotos chineses, mas ressalta que eles eram civis entusiastas da aviação que procuravam aprimorar suas habilidades ou possíveis futuros membros da indústria de aviação da China, que estava em rápido crescimento naquela época.

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