Nicarágua acusa EUA de ‘interferência’ na ONU após relatório desabonador

Na tribuna em Nova York, chanceler pediu revisão das denúncias do Conselho dos Direitos Humanos contra o país

No púlpito da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), no último dia 29, o chanceler da Nicarágua, Denis Moncada, afirmou que o órgão precisa de uma “despolitização urgente”.

O motivo seria a influência dos Estados Unidos na entidade. “O órgão está a serviço de seus interesses para desestabilizar aqueles que não se submetem aos seus ditames imperiais”, disse.

Para Moncada, o Conselho de Direitos Humanos também não é imparcial e nem atua com justiça na Nicarágua. A acusação do chanceler vem na sequência da denúncia da Nações Unidas, do último dia 2 de julho, de que o ditadura de Daniel Ortega realiza violações e persegue opositores.

EUA usa ONU para desestabilizar oponentes, diz ministro da Nicarágua
O ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, durante seu discurso na 75ª Assembleia Geral da ONU, em 29 de setembro de 2020 (Foto: UN Photo/Loey Felipe)

A Comissão relatou que há uma “perseguição sistemática” a quem se opõe ao regime de Ortega. Jornalistas, líderes comunitários e defensores dos direitos humanos são os principais alvos. De acordo com o Alto Comissariado, entre maio de junho foram 43 queixas de abusos.

As denúncias, no entanto, foram questionadas por Moncada. “Apenas fontes contrárias ao governo auxiliam em sua elaboração e somente reproduzem informações de organizações e meios de comunicação ligados ao golpe fracassado de 2018″, apontou.

O “golpe” a Moncada se refere foi uma leva de manifestações em abril daquele ano, impulsionada por mudanças na Previdência. Cerca de 300 pessoas morreram.

O chanceler exigiu ainda que o órgão tenha uma conduta “compatível” com o direito internacional. “Expressamos a nossa esperança e compromisso com a transformação necessária na refundação e democratização das Nações Unidas”, apontou o chanceler.

Segundo ele, uma reforma na ONU é essencial para todos os povos e não apenas aos “poderes hegemônicos”.

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