O impeachment de Martín Vizcarra, em novembro, não melhorou os ânimos políticos no Peru. Pelo contrário: o novo governo de Francisco Sagasti enfrenta uma rejeição de 47%, 12 pontos percentuais a mais que o registrado em dezembro, seu primeiro mês de gestão.
A percepção sobre o Congresso presidido por Mirtha Vásquez é ainda pior: a reprovação chega a 73%. Os índices são forte indicativo do descontentamento da população com o sistema local a pouco mais de três meses antes das eleições presidenciais e legislativas, no dia 11 de abril.
Analistas afirmam que a incerteza provocada pela segunda onda da Covid-19 no país e a consequente crise econômica minam as expectativas da população. Em 2020, o país já chegou a registrar o maior número de mortes per capita do mundo pelo novo coronavírus.
Na pesquisa realizada pelo diário peruano “El Comercio”, 34% da população aprova a gestão de Sagasti. Em dezembro, o total de apoiadores era de 44%. No estudo, analistas atribuíram a queda aos “problemas de comunicação” do político com o público.
Acadêmico, Sagasti utilizaria de uma “linguagem muito elaborada” para atingir os setores mais populares – tida como ineficaz, disse a Agência EFE, que teve acesso ao relatório.
Nas classes D e E, com os menores recursos econômicos, a sua aprovação é de 28% e 22%, respectivamente. Já as classes A e B manifestaram apoio ao governo do Peru de 53% e 49%, cada.
Desgaste político
Quanto ao Congresso, a desaprovação é geral. Apenas 18% disseram concordar com as medidas propostas pelos deputados. A gestão de Vásquez, por sua vez, teve apenas 22% de aprovação. “Temos que nos esforçar para fazer mais”, disse a presidente da assembleia.
Só em 2020, o Peru teve três presidentes. Depois de Vizcarra, o impopular líder do Congresso, Manuel Merino, foi convencido pelos próprios correligionários a ceder o cargo a Sagasti, então deputado.
Até segunda-feira (25), o Peru registrava cerca de 1,1 milhão de casos confirmados por Covid-19 e pouco mais de 39,6 mil mortes em decorrência da doença causada pelo vírus.