O Camboja anunciou na terça-feira (4) que proibiu os 22 membros do conselho de supervisão da Meta, a empresa-mãe do Facebook, de entrar no país. A medida é uma retaliação contra o órgão, que recomendou a suspensão da conta do primeiro-ministro Hun Sen na semana passada. As informações são da rede Radio Free Asia.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores descreveu a decisão da Meta de suspender a conta do líder da nação como sendo de “natureza política” e acusou o conselho que supervisiona a rede social de interferir nos assuntos internos do país.
O órgão governamental acrescentou que a atitude da Meta “visa interferir na liberdade de imprensa dos cidadãos cambojanos e em seu direito de receber informações credíveis de um líder político que eles apoiam e admiram”.
Na última quinta-feira (29), o conselho solicitou que a página do premiê cambojano no Facebook fosse suspensa por seis meses devido a um vídeo postado que infringiu as regras da empresa contra ameaças violentas. A publicação, feita em janeiro, dirigiu ameaças a oponentes políticos de Sen, que acusaram sua sigla, o Partido do Povo Cambojano (PPC), de fraude nas eleições locais de 2022.
O episódio originou a primeira situação em que o conselho de supervisão instruiu a Meta a encerrar a conta de um líder governamental.
Desde então, Hun Sen informou seus seguidores nas redes sociais que migraria para o Telegram e o TikTok e pediu para acompanharem suas postagens nessas plataformas. No poder desde 1985, o ex-comandante militar é conhecido por usar regularmente as redes sociais para fazer discursos longos contra seus oponentes e ameaçá-los caso desafiem sua autoridade.
Atualmente, ele tem 85 mil seguidores no Telegram, número bem abaixo dos mais de 14 milhões de seguidores que tinha no Facebook.
A decisão de expulsar o conselho de supervisão da Meta pelo Camboja ocorre perto das eleições gerais marcadas para 23 de julho. Recentemente, as autoridades cambojanas rejeitaram o registro do Partido Luz das Velas, principal sigla de oposição de Hun Sen. A previsão dos críticos do regime é de que a votação será fraudulenta.