China detém mais um funcionário do governo acusado de ser espião da CIA

Segundo caso em menos de duas semanas surge em meio a campanha de Beijing contra a inteligência estrangeira

Pouco antes de completar um mês desde a implementação da sua nova Lei de Segurança Nacional, a China relatou mais um episódio de espionagem na segunda-feira (21), alegando novamente o envolvimento da agência de inteligência dos Estados Unidos. As informações são da rede Radio Free Asia.

Em comunicado, o Ministério da Segurança do Estado (MSS, da sigla em inglês), a principal agência antiespionagem chinesa, acusou um membro do governo de espionar em favor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês).

Esta é a segunda ocorrência do tipo neste mês, em meio a uma campanha de Beijing contra a inteligência estrangeira, missão que o país considera ser de responsabilidade de todos os cidadãos chineses.

A mais recente prisão do MSS envolve um cidadão chinês de 39 anos, identificado somente pelo sobrenome Hao. Segundo informações do ministério, ele teria sido recrutado pela CIA durante um período de estudos no Japão.

Saguão de entrada na sede da inteligência dos EUA (Foto: WikiCommons)

Após voltar à China, Hao conseguiu um cargo em um ministério governamental não especificado. A agência de espionagem chinesa afirma que ele teve encontros sucessivos com agentes de inteligência dos EUA, supostamente com a finalidade de “fornecer informações e angariar fundos de espionagem”. Neste momento, o caso está sendo investigado.

No último dia 10, o MSS anunciou a detenção de um funcionário de 52 anos ligado a uma empresa estatal de armamentos, que teria começado a colaborar com a CIA durante seus estudos na Itália. Identificado como Zeng, ele foi acusado de trocar “informações secretas importantes” por dinheiro.

Ambos os casos foram divulgados na recém-criada conta de WeChat (uma espécie de Twitter local) do ministério, em um cenário onde tanto a China quanto os Estados Unidos estão intensificando suas medidas de contraespionagem.

Ao fazer sua primeira publicação na plataforma neste mês, o ministério convocou “todos os membros da sociedade” a se unirem à batalha contra a espionagem. Além disso, foi oferecida recompensa e proteção para aqueles que fornecerem informações.

A proposta surge na esteira da expansão da lei de contraespionagem, que entrou em vigor recentemente e fornece uma base legal para punir indivíduos e organizações que sejam considerados uma ameaça aos interesses chineses, entre eles jornalistas e empresários.

A nova legislação, que proíbe a transferência de informações relacionadas à segurança nacional e a interesses não especificados, gerou preocupação nos EUA. Segundo Washington, essa proibição pode resultar em penalidades para empresas estrangeiras que operam na China, mesmo em suas atividades comerciais regulares.

A lei concede às autoridades encarregadas das investigações antiespionagem o direito de acessar dados, equipamentos eletrônicos e informações relacionadas à propriedade pessoal.

No Fórum de Segurança de Aspen no mês passado, o diretor da CIA, William Burns, mencionou que a rede de inteligência da agência na China havia “alcançado progressos” ao reconstruir suas redes de espionagem no país. Isso ocorreu após ter enfrentado perdas substanciais cerca de uma década atrás.

Tags: