China ofereceu US$ 100 milhões por ano para Nauru encerrar vínculos com Taiwan

Ilha do Pacífico aceitou a oferta e suspendeu completamente as relações diplomáticas com Taipé, voltando-as para Beijing

A China ofereceu a Nauru, uma pequena nação insular no Pacífico, US$ 100 milhões anuais para cortar relações diplomáticas com Taiwan e se alinhar a Beijing, segundo relatou um alto funcionário taiwanês à agência Reuters.

Nesta segunda-feira (15), o presidente de Nauru, David Adeang, anunciou a ruptura de relações diplomáticas com Taiwan, o que levou o Ministério das Relações Exteriores taiwanês a retribuir na mesma moeda e também encerrar os laços com a ilha conhecida como o terceiro menor país do mundo.

A medida faz parte de uma rivalidade contínua entre Beijing e Taipé para garantir o apoio dos países da região do Pacífico, com Kiribati e as Ilhas Salomão mudando de aliança de Taiwan para a China em 2019.

Tien Chung-kwang, vice-ministro das Relações Exteriores de Taiwan, sinalizou que já estava ciente da situação ao explicar que sua pasta recebeu informações em 2023 que davam conta de que a China havia abordado líderes políticos de Nauru, oferecendo incentivos econômicos para que mudassem seu reconhecimento.

Vista aérea de Nauru (Foto: WikiCommons)

Nauru, apesar de buscar cooperação com Taiwan, preferiu ter uma assistência econômica mais robusta da China. O valor oferecido por Beijing ultrapassa significativamente a ajuda que Taipé concede aos seus aliados diplomáticos, segundo relatou Tien.

A nação insular havia pedido uma compensação considerável a Taiwan para cobrir a grande lacuna financeira causada pelo fechamento do Centro de Processamento Regional de Nauru, uma instalação de detenção de imigração australiana offshore encerrada por Camberra, e pelo fim do financiamento de eventos esportivos. Sozinho, o centro de refugiados custava cerca de 2,6 bilhões de novos dólares taiwaneses por ano, representando mais da metade do orçamento anual de Nauru.

Nauru não comentou a questão quando questionado pela Reuters. Atualmente, Taiwan tem apenas 12 aliados diplomáticos.

Falta de transparência

Tal comportamento de Beijing sugere uma abordagem proativa por parte da China para expandir sua presença na região, seja por meio de assistência econômica, cooperação ou outros meios, visando consolidar alianças ou interesses estratégicos.

Paralelamente, um embaixador de Tuvalu, na Polinésia, alertou que o governo chinês é menos transparente que Taipé em questões de ajuda externa.

Ao discutir as atividades chinesas na região, Bikenibeu Paeniu alertou sobre a falta de transparência na assistência proposta pela China a países pobres, ressaltando a seriedade com que Taiwan aborda as mudanças climáticas e auxilia nações impactadas.

Ele acrescentou: “Sabemos o que a China está fazendo: está se oferecendo a países no Pacífico”.

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