Coreia do Norte reduzirá sua presença diplomática ao fechar embaixadas pelo mundo

Cortes atingirão missões na Espanha, em Hong Kong e em vários países da África e devem-se à crise financeira causada pelas sanções

Pyongyang tomou a decisão de encerrar cerca de 25% de suas missões diplomáticas ao redor do mundo. Com isso, a Coreia do Norte está se preparando para o fechamento de mais de uma dezena de suas embaixadas, incluindo as localizadas na Espanha, em Hong Kong e em diversos países da África, conforme relatado pela agência Reuters nesta quarta-feira (1º).

De acordo com a Coreia do Sul, esse recente movimento de redução da presença diplomática pelos vizinhos do Norte é um indício de que o país isolado está enfrentando dificuldades financeiras no exterior, devido às sanções internacionais.

Fachada da embaixada norte-coreana em Addis Ababa, na Eitiópia (Foto: WikiCommons)

Na segunda-feira (30), a agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA, informou que os embaixadores da Coreia do Norte haviam realizado visitas de “despedida” aos líderes de Angola e Uganda durante a semana passada. Simultaneamente, a mídia local destes países africanos veiculou a notícia de que as embaixadas norte-coreanas estavam sendo encerradas em seus territórios.

Ambas as nações têm mantido relações amistosas com a Coreia do Norte desde a década de 1970, incluindo parcerias na esfera militar.

O Ministério da Unificação de Seul, responsável pelos assuntos intercoreanos, declarou que a decisão de retirar missões diplomáticas no exterior reflete o impacto das sanções internacionais destinadas a restringir o financiamento dos programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte.

O fechamento da embaixada estabeleceu as bases para o que pode ser considerado “uma das mudanças mais significativas na política externa do país em décadas”, conforme analisou Chad O’Carroll, fundador do NK Pro, um portal especializado em questões relacionadas à Coreia do Norte. Segundo ele, essa decisão trará implicações abrangentes, afetando o envolvimento diplomático, esforços humanitários e a capacidade do país isolado de gerar receitas ilícitas.

Apesar de manter relações oficiais com 159 países, a Coreia do Norte tinha anteriormente 53 missões diplomáticas no exterior, incluindo três consulados e três escritórios de representação.

Por que isso importa?

As sanções aplicadas à Coreia do Norte são resultado de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e medidas unilaterais de diferentes países e blocos. Essas sanções têm como objetivo pressionar a fechada nação a desistir de seus programas nucleares e de mísseis, bem como promover a desnuclearização da península.

As sanções incluem: restrições à importação e exportação de bens, incluindo armas, materiais nucleares e produtos de luxo; congelamento de ativos financeiros de entidades e indivíduos norte-coreanos; proibições de viagens e restrições de entrada em vários países para funcionários norte-coreanos de alto escalão; limitações na cooperação econômica e comercial com a Coreia do Norte; restrições financeiras destinadas a dificultar a obtenção de financiamento para os programas nucleares e de mísseis do país.

O impacto dessas sanções na diplomacia norte-coreana é significativo. Pyongyang frequentemente responde aos embargos com retórica hostil e, em algumas ocasiões, com testes nucleares e de mísseis em desafio às proibições internacionais. No entanto, também demonstrou disposição para se envolver em negociações diplomáticas em momentos de pressão econômica mais intensa.

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